SÃO PAULO (Reuters) - O PT anunciou nesta sexta-feira o ex-deputado federal pelo Sergipe Márcio Macedo como novo tesoureiro do partido, após a prisão do ex-ocupante do cargo nesta semana, e decidiu que nenhum diretório petista receberá mais doações empresariais.
Após reunião do Diretório Nacional do partido, que durou todo dia na sede nacional em São Paulo, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o nome de Macedo foi escolhido em consenso e que a decisão de deixar de receber doações de empresas era um "gesto" do partido para pressionar pela aprovação do financiamento público exclusivo de campanha, uma das bandeiras da legenda.
"O nome dele (Macedo) foi aprovado por unanimidade no diretório, o que não é fácil no PT", disse Falcão, que reconheceu que outros membros do partido abordados para assumir o posto deixado por João Vaccari Neto, preso pela Polícia Federal, recusaram o convite por razões "pessoais, legítimas".
Do mesmo grupo político do falecido ex-governador do Sergipe Marcelo Déda e do ex-presidente do PT e da Petrobras José Eduardo Dutra, Macedo foi deputado federal e presidiu os diretórios do PT em Aracaju e no Sergipe.
"Não é tesoureiro interino, não é tesoureiro tampão. É tesoureiro pleno que passará a exercer as suas funções assim que o rito burocrático for ativado nos órgãos competentes", disse o presidente do PT.
Vaccari, que é réu acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em uma ação penal ligada à operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras, é apontado como operador do esquema pelo Ministério Público Federal, que afirma que ele recebeu dinheiro de propina como doação para o PT e que sabia que a origem dos recursos era ilegal.
Falcão voltou a defender Vaccari e reiterou que todas as doações recebidas pelo PT foram legais e resultado de operações bancárias. Ele considerou que Vaccari foi preso sem justificativa.
O presidente do PT disse ainda que, o fato de o partido decidir não mais receber doações de empresas privadas, não significa que os recursos deste tipo recebidos até agora não tinham alguma mácula.
"Decidimos que os diretórios nacional, estadual e municipal não mais receberão doações de empresas privadas", afirma a resolução aprovada pelo diretório petista nesta sexta, e lida pelo presidente do partido.
O documento afirma ainda que a decisão será detalhada e regulamentada no 5º Congresso Nacional do partido, marcado para junho em Salvador.
Indagado se a proibição de doações empresariais também se aplicará aos candidatos pelo PT em disputas eleitorais, Falcão disse que, como não há eleição neste ano, este não é assunto para agora e que o tema será discutido na legenda.
ONDA CONSERVADORA
Falcão também fez uma série de críticas ao andamento das investigações da operação Lava Jato. Ele criticou o que chamou de trabalho conjunto entre o Ministério Público, responsável por investigar, e o juiz Sérgio Moro, que tem o encargo de julgar os processos ligados à operação.
O presidente do PT disse haver uma "onda conservadora em curso" no país, com o objetivo de enfraquecer o governo da presidente Dilma Rousseff e o PT.
"Há uma onda conservadora em curso destinada a cercar a presidenta Dilma, a ensaiar sem base jurídica ou legal o impeachment, porque não se conformam com a derrota eleitoral. E porque há uma finalidade declarada de muita gente, inclusive de parte da imprensa, de destruir o PT", afirmou Falcão.
(Reportagem de Eduardo Simões)
(Por Eduardo Simões)