Por Ben Blanchard
PEQUIM (Reuters) - O ex-chefe da CNPC, principal grupo de energia da China, admitiu nesta segunda-feira sua culpa e pediu leniência na abertura de seu julgamento por acusações de corrupção e abuso de poder, o mais recente de uma série de altos funcionários pego em uma campanha anticorrupção.
Diversas figuras importantes do Partido Comunista, das Forças Armadas e de empresas estatais foram derrubadas pela guerra de dois anos do presidente Xi Jinping contra a corrupção.
A televisão estatal mostrou imagens de Jiang Jiemin, que também chefiou o órgão regulador de ativos estatais por cinco meses antes de ser demitido em setembro de 2013, sentado no banco dos réus com dois policiais ao seu lado.
Ele foi formalmente acusado no mês passado.
Jiang foi um colaborador próximo de Zhou Yongkang, o outrora poderoso chefe da segurança nacional e membro do influente Comitê Permanente do Politburo, a pessoa mais proeminente a ter sido acusada de corrupção.
Zhou também esteve na CNPC, a empresa controladora da PetroChina , tendo subido na hierarquia para servir como gerente-geral de 1996 a 1998.
"Os fatos de meus crimes são claros, a prova é verdadeira e conclusiva", disse Jiang, de acordo com um comunicado do Tribunal Intermediário do Povo de Hanjiang, na província central de Hubei, onde ocorre o julgamento. "Admito meus crimes e me penitencio".
Jiang não se defendeu quando a prova foi apresentada, informou a corte.
Ele precisa ser responsabilizado por seus crimes nos termos da lei, entre eles "suborno, incapacidade de justificar um grande número de bens e abuso de poder de um funcionário de uma empresa estatal", teria dito o promotor, segundo citação do tribunal.
Jiang está disposto a cumprir sua pena, e "pede leniência com contrição", acrescentou a corte, declarando que o veredicto será emitido em data futura não especificada.
Os julgamentos de figuras de destaque são realizados em locais com pouca ou nenhuma relação com os acusados, para garantir a imparcialidade dos jurados. Mas o partido controla o sistema legal, e é improvável que um tribunal conteste as acusações.
As audiências dos casos normalmente duram somente um dia ou dois, e o veredicto é comunicado poucas semanas mais tarde.
A operação anticorrupção de Xi também derrubou pelo menos uma dúzia de ex-associados e protegidos de Zhou.
Zhou foi patrono de Bo Xilai, ex-político influente sentenciado à prisão perpétua em 2013 por corrupção e abuso de poder no pior escândalo político chinês em décadas.
Preso no ano passado e expulso do partido, Zhou será julgado em Tianjin, cidade próxima da capital Pequim, mas a data ainda não foi marcada.
(Reportagem adicional de Sui-Lee Wee e Megha Rajagopalan)