Por Elke Ahlswede
DETMOLD, Alemanha (Reuters) - Um ex-guarda de Auschwitz de 94 anos foi condenado nesta sexta-feira por ter sido cúmplice da morte de pelo menos 170 mil pessoas, ao final do que provavelmente foi um dos últimos julgamentos do Holocausto na Alemanha.
Reinhold Hanning foi sentenciado a cinco anos de prisão por facilitar os assassinatos no campo de concentração na Polônia sob ocupação nazista.
O julgamento de quase quatro meses contou com os depoimentos de cerca de doze sobreviventes do Holocausto, muitos dos quais extremamente idosos, e que detalharam suas experiências terríveis relembrando das pilhas de cadáveres e do cheiro de carne queimada do campo de extermínio.
A defesa havia dito que Hanning deveria ser absolvido, já que o ex-membro das tropas de proteção nazistas SS não matou, não espancou nem abusou de ninguém pessoalmente.
Hanning, sentado em uma cadeira de rodas, permaneceu silencioso e impassível durante a maior parte do julgamento, evitando contato visual com qualquer pessoa do tribunal.
Ele falou no final de abril, pedindo desculpas às vítimas e dizendo que lamenta ter sido parte de uma "organização criminosa" que matou tantas pessoas e causou tanto sofrimento.
"Tenho vergonha de ter deixado injustiças acontecerem conscientemente e não ter feito nada para me opor a elas", leu o réu em um discurso por escrito.
Hanning não foi acusado de envolvimento direto com a matança, mas os promotores e dezenas de co-querelantes de Alemanha, Hungria, Israel, Canadá, Grã-Bretanha e Estados Unidos disseram que ele ajudou no funcionamento de Auschwitz.
Um precedente foi estabelecido em um caso semelhante em 2011, quando o segurança de campo Ivan Demjanjuk foi condenado. No ano passado, Oskar Groening, conhecido como o "guarda-livros de Auschwitz", foi sentenciado a quatro anos de prisão depois de ser condenado por ser cúmplice da morte de 300 mil pessoas.