Por Yeganeh Torbati e Mica Rosenberg
WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - Nas primeiras semanas transcorridas após 8 de dezembro de 2017, data em que o decreto de viagem mais recente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou em vigor, cerca de 100 dispensas de visto foram concedidas aos milhares de requerentes de visto para os EUA provenientes de oito países sujeitos a restrições, de acordo com dados do Departamento de Estado fornecidos à Reuters.
Entre 8 de dezembro passado e 8 de janeiro deste ano mais de 8.400 pessoas de Chade, Irã, Líbia, Coreia do Norte, Síria, Somália, Iêmen e Venezuela, todos países listados no decreto presidencial, solicitaram vistos.
Destes, 128 requerentes se qualificaram para os vistos por se encaixarem em categorias isentas do decreto, de acordo com uma carta do Departamento de Estado enviada no mês passado ao senador democrata Chris Van Hollen. As isenções são concedidas a moradores permanentes legalizados dos EUA e a certas outras categorias de postulantes.
O decreto contém uma cláusula segundo a qual aqueles que não se qualificam para as exceções podem ser cogitados para as dispensas de visto em circunstâncias especiais, como a necessidade de cuidados médicos urgentes ou para acomodar adoções. As dispensas também podem ser concedidas àqueles que já receberam vistos e que querem voltar aos EUA para estudar ou trabalhar. Compromissos comerciais relevantes ou laços familiares estreitos também podem ser levados em consideração para uma dispensa.
Até o dia 15 de fevereiro só dois dos requerentes do mês inicial haviam sido aprovados para receber dispensas, segundo a carta vista pela Reuters. Desde então mais de 100 dispensas adicionais foram concedidas, disse o Departamento de Estado à Reuters nesta terça-feira – mas não ficou claro quantas destas dispensas adicionais foram para postulantes do mês inicial.
A Casa Branca não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a questão. Uma autoridade do Departamento de Estado disse que a política está sendo implantada tal como requerida pelo decreto presidencial.
Van Hollen, assim como o senador republicano Jeff Flake, solicitou informações sobre vistos ao Departamento de Estado no final de janeiro, dizendo em uma carta à agência e ao Departamento de Segurança Interna que "recebeu relatos sobre uma recusa quase uniforme de dispensas de vistos".
"O governo Trump afirma que o sistema de dispensas pode ser usado por pessoas que não representam uma ameaça ao nosso país... mas estes fatos mostram que o sistema é uma farsa concebida para esconder o verdadeiro objetivo do presidente Trump", disse Van Hollen em um comunicado enviado à Reuters nesta terça-feira.
Seis dos oito países incluídos no decreto são de maioria muçulmana. A gestão Trump diz que as proibições de viagem são necessárias para proteger os residentes dos EUA do terrorismo.
(Reportagem adicional de Grant Smith)