Por Jack Stubbs
LONDRES (Reuters) - Supostos hackers norte-coreanos tentaram invadir os sistemas da fabricante de vacinas britânica AstraZeneca (LON:AZN); (SA:A1ZN34) nas últimas semanas, disseram duas pessoas a par do assunto à Reuters, agora que a empresa corre para lançar sua vacina contra a Covid-19.
Os hackers fingiram ser recrutas do site de contatos profissionais LinkedIn e do WhatsApp para abordar funcionários da AstraZeneca com ofertas de emprego falsas, segundo as fontes. Depois eles enviaram documentos com supostas descrições de cargos que continham códigos nocivos criados para obter acesso ao computador da vítima.
As tentativas de invasão cibernética visaram "um grupo amplo de pessoas", inclusive funcionários envolvidos em pesquisa da Covid-19, disse uma das fontes, mas não se acredita que alguma tenha tido sucesso.
A missão norte-coreana na Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra não respondeu a um pedido de comentário. Pyongyang, que não tem nenhuma linha de contato direto com a mídia estrangeira, já negou realizar ataques cibernéticos.
A AstraZeneca, que se tornou uma das três desenvolvedoras de vacinas contra Covid-19 mais destacadas, tampouco quis comentar.
As fontes, que pediram anonimato para falar de informações não destinadas ao público, disseram que as ferramentas e técnicas usadas nos ataques mostraram que eles foram parte de uma campanha de invasão cibernética em andamento que autoridades dos Estados Unidos e pesquisadores de segurança cibernética atribuem à Coreia do Norte.
Anteriormente a campanha se concentrou em empresas de defesa e organizações midiáticas, mas se direcionou a alvos relacionados à Covid em semanas recentes, de acordo com três pessoas que investigaram os ataques.
Os ataques cibernéticos contra entidades de saúde, cientistas especializados em vacina e farmacêuticas dispararam durante a pandemia de Covid-19, já que grupos de ataques virtuais apoiados por Estados e criminosos estão ansiosos para obter as pesquisas e informações mais atualizadas sobre o surto.
Autoridades ocidentais dizem que informações roubadas podem ser vendidas visando lucro, usadas para extorquir as vítimas ou dar a governos estrangeiros uma vantagem estratégica valiosa na luta para conter uma doença que já matou 1,4 milhão de pessoas em todo o mundo.
A Reuters já havia noticiado que hackers do Irã, China e Rússia tentaram invadir farmacêuticas de ponta e até a Organização Mundial da Saúde (OMS) neste ano. Teerã, Pequim e Moscou negaram as alegações.
(Reportagem adicional de Stephanie Ulmer-Nebehay em Genebra)