Por Rupam Jain
CABUL (Reuters) - Uma biografia do mulá Omar, ex-líder do Taliban afegão, diz que ele viveu perto de uma base dos Estados Unidos no Afeganistão durante anos, e não no Paquistão como alegam autoridades dos EUA, expondo o fracasso ocidental de rastreá-lo, mas um porta-voz do presidente afegão descreveu a afirmação como "delirante".
No livro "Op Zoek Naar De Vijand (Procurando Um Inimigo)", a jornalista dinamarquesa Bette Dam diz que Omar jamais morou no vizinho Paquistão. Ele viveu escondido a meros 5 quilômetros de uma grande base militar dos EUA em Zabul, sua província-natal afegã, afirmou Bette, que disse ter passado cinco anos entrevistando membros do Taliban para o livro.
O Taliban linha-dura de Omar governou o Afeganistão de 1996 a 2001, e vem mantendo uma insurgência antigoverno desde então.
Omar, que delegou a liderança efetiva do Taliban em 2001, parece ter atuado mais como um líder espiritual, segundo o livro, e o movimento militante manteve sua morte, ocorrida em 2013, em segredo durante dois anos.
Ele era procurado por Washington por proporcionar um santuário ao líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, mentor dos ataques de 11 de setembro nos EUA que viveu escondido no Paquistão. Os EUA ofereceram uma recompensa de 10 milhões de dólares por sua cabeça.
As forças norte-americanas até revistaram suas acomodações em uma ocasião, mas não encontraram seu esconderijo, disse Bette à Reuters.
"O livro ressalta o fracasso da inteligência ocidental no momento em que autoridades dos EUA e do Taliban estão realizando conversas de paz para encerrar a guerra de 17 anos no Afeganistão", observou.