Por Linda Sieg e Kiyoshi Takenaka
TÓQUIO (Reuters) - Um ex-ministro da Justiça japonês e sua esposa, que é parlamentar, foram presos nesta quinta-feira por suspeita de compra de votos, disseram procuradores, em um duro golpe para o primeiro-ministro Shinzo Abe, que já enfrenta uma queda de apoio popular.
A aprovação de Abe, que tinha laços estreitos com o ex-ministro, diminuiu devido à insatisfação com sua reação à crise do coronavírus, sua tentativa de estender a idade de aposentadoria dos procuradores e suspeitas de desperdício de gastos públicos em programas de apoio ao turismo e a pequenas empresas.
Procuradores de Tóquio disseram em um comunicado que Katsuyuki Kawai e sua esposa, Anri, pagaram 1,7 milhão de ienes a cinco pessoas no ano passado para ela obter uma cadeira na eleição de 2019 da câmara alta.
Separadamente, Katsuyuki Kawai deu cerca de 24 milhões de ienes a pessoas que garantiriam sua eleição, disse o comunicado, sem identificá-las.
Na quarta-feira, Katsuyuki Kawai negou irregularidades, e Anri Kawai não comentou a conselho de seu advogado.
Abe pediu desculpas ao público por causa das prisões.
"É lamentável que parlamentares de nosso partido tenham sido presos, e sinto fortemente minha responsabilidade pela indicação do ex-ministro da Justiça", disse ele em uma coletiva de imprensa.
A campanha de Anri Kawai recebeu uma contribuição de 150 milhões de ienes da sede do governista Partido Liberal Democrático (LDP), um valor que chamou atenção.
Indagado se parte do dinheiro pode ter sido usada para comprar votos, Abe encaminhou as perguntas ao secretário-geral do partido, que garantiu que auditores públicos fizeram verificações retroativas rigorosas nos gastos de cada diretório da sigla e descartaram tal abuso.
(Reportagem adicional de Elaine Lies e Ritsuko Ando)