Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O ex-papa Bento 16 reconheceu nesta terça-feira que ocorreram erros no tratamento de casos de abuso sexual enquanto era arcebispo de Munique, décadas atrás, mas não mencionou diretamente as alegações presentes em um relatório de que ele não lidou devidamente com quatro casos.
Uma análise separada escrita por quatro colaboradores, no entanto, contesta as alegações específicas contra ele.
Bento 16, de 94 anos e que tem enfrentado problemas de saúde, emitiu uma carta após o relatório divulgado no mês passado sobre a ocorrência de abusos na arquidiocese de 1945 a 2019, que incluía a suposta falta de ação nesses casos pelo então cardeal Joseph Ratzinger quando ele era arcebispo de Munique, entre 1977 a 1982.
"Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica. Ainda maior é minha dor pelos abusos e erros que ocorreram nesses diferentes lugares durante o meu mandato", ele escreveu na carta, sua primeira resposta pessoal ao relatório.
Na carta, Bento 16 diz que, apesar de quaisquer erros que possa ter cometido, Deus seria o árbitro final. "Em breve, estarei diante do juiz final da minha vida."
Após o relatório alemão ser publicado pela primeira vez, Bento 16 reconheceu ter estado em uma reunião de 1980 sobre um caso de abuso sexual enquanto era arcebispo de Munique, dizendo ter informado erroneamente aos investigadores alemães que não estava lá.
Na época, o secretário pessoal do ex-papa, o arcebispo Georg Ganswein, disse que a omissão foi resultado de um descuido na edição da declaração e não má-fé.
Na carta de segunda-feira, Bento 16 disse: "Para mim, provou-se profundamente doloroso que esse descuido tenha sido usado para lançar dúvidas sobre minha veracidade e até me rotular de mentiroso".
(Reportagem de Philip Pullella)