Por Gibran Naiyyar Peshimam e Ariba Shahid
ISLAMABAD (Reuters) - Um tribunal paquistanês condenou Imran Khan a 10 anos de prisão, nesta terça-feira, por vazamento de segredos de Estado, segundo seu partido, a sentença mais severa contra o ex-primeiro-ministro e jogador de críquete em vários processos, poucos dias antes das eleições nacionais.
O tribunal especial considerou Khan culpado por tornar público o conteúdo de um telegrama secreto enviado pelo embaixador do Paquistão em Washington ao governo de Islamabad, informou seu partido Tehreek-e-Insaf (PTI). O ex-ministro das Relações Exteriores Shah Mehmood Qureshi também foi condenado a 10 anos de prisão no mesmo caso.
A pena de prisão é a segunda condenação de Khan nos últimos meses e garante que o popular político permanecerá fora dos holofotes públicos antes da votação parlamentar da próxima semana, que também levará à nomeação de um novo primeiro-ministro.
O tribunal deverá emitir seu veredicto por escrito mais tarde.
O PTI disse que contestaria a decisão. "Não aceitamos essa decisão ilegal", publicou o advogado de Khan Naeem Panjutha na plataforma de mídia social X.
O aliado de Khan Zulfikar Bukhari disse à Reuters que a equipe jurídica não teve chance de representá-lo ou interrogar testemunhas, acrescentando que os procedimentos foram realizados na prisão.
Outro advogado de Khan, Ali Zafar, afirmou à TV ARY que, dadas as circunstâncias do julgamento e da sentença, as chances de o caso ser anulado em recurso eram de "100%".
Bukhari chamou a condenação de uma tentativa de enfraquecer o apoio a Khan. "As pessoas agora se certificarão de comparecer e votar em maior número", disse ele à Reuters.
Khan foi condenado anteriormente a três anos de prisão em um processo de corrupção, o que já o havia excluído da eleição da próxima semana.
No entanto, sua equipe jurídica esperava que ele fosse libertado da prisão, onde está desde agosto do ano passado, mas a mais recente condenação significa que isso é improvável, mesmo que as acusações sejam contestadas em um tribunal superior.
O partido do três vezes primeiro-ministro Nawaz Sharif, principal oponente político de Khan, disse que o veredicto não foi suficientemente severo.
"Acho que, com base em seu descuido e crime - relativos a importantes interesses nacionais - essa é uma sentença muito leve", afirmou Ahsan Iqbal, um assessor sênior de Sharif, em entrevista à TV.
Analistas acreditam que o partido de Sharif é o favorito para formar o próximo governo após as eleições.