Por Nandita Bose
WASHINGTON (Reuters) - Autoridades da Casa Branca acreditam que a ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi apoiou o apelo do deputado Adam Schiff para que o presidente norte-americano, Joe Biden, se afaste da corrida presidencial dos EUA e ela disse que Biden não consegue vencer a eleição de 5 de novembro, afirmou uma importante fonte da Casa Branca com conhecimento direto do assunto.
Schiff disse em um comunicado na quarta-feira que ele tem "sérias preocupações" sobre se Biden pode derrotar o republicano Donald Trump, o primeiro democrata a se manifestar após a tentativa de assassinato no sábado contra o ex-presidente. A campanha de Biden acreditava que o ataque a tiros, no qual Trump sofreu um ferimento na orelha direita, havia reprimido os apelos para que ele desista da corrida de 2024 antes da declaração de Schiff.
"Nancy está em cima disso. Schiff não agiria sem aprovação dela", declarou a fonte, que falou sob condição de anonimato.
Pelosi está "convencida de que o sentimento público está contra o POTUS (presidente dos Estados Unidos) e que ele não pode mudar isso", acrescentou a fonte.
Pelosi, um dos membros mais influentes do partido de Biden e presença constante em Washington há décadas, e Schiff, ex-presidente do comitê de inteligência da Câmara, representam distritos da Califórnia na Câmara. O gabinete de Pelosi e a Casa Branca não responderam a pedidos de comentários.
Alguns parlamentares democratas da Câmara e do Senado pediram que Biden se afastasse da disputa em meio a preocupações sobre sua aptidão para o cargo aos 81 anos e sua posição nas pesquisas à medida que a eleição se aproxima.
Um assessor democrata disse que o principal trabalho não governamental "não oficial" de Pelosi, há cerca de 25 anos, tem sido trabalhar para garantir que os democratas tenham maioria na Câmara dos Deputados, local atualmente controlado por pouco pelos republicanos.
"Se a sua missão pessoal no lado não oficial é conquistar a maioria na Câmara, obviamente o seu cálculo seria que essa não é uma situação sustentável", disse o assessor, falando sob condição de anonimato, sobre a candidatura de Biden e o impacto que ela poderia ter sobre os candidatos democratas nas disputas pela Câmara este ano.
"Se os números (de pesquisa de opinião) forem precisos e Biden tiver sofrido uma queda tão grande nos distritos decisivos (com disputas acirradas na Câmara) que não possa vencer e estiver ficando atrás dos números de Hillary em 2016, seria necessário um nível histórico de divisão para que... nossos candidatos tivessem alguma chance de vencer", acrescentou o assessor, referindo-se a Hillary Clinton, a candidata democrata que perdeu para Trump na eleição de 2016 nos EUA.
"E, francamente, isso parece improvável", disse o assessor.
Pelosi gosta de citar um discurso do ex-presidente Abraham Lincoln em reuniões de liderança, observou a fonte da Casa Branca. No discurso, Lincoln disse: "Com o sentimento público, nada pode falhar; sem ele, nada pode ter sucesso".
"Acho que eu não teria dito que ele está saindo da disputa" antes do impulso público dos principais líderes democratas, disse a fonte sobre Biden. "Eu não vi um único sinal dele, mas agora quem sabe?"
"Há um caminho" para a vitória "mas vai ser difícil. Não será fácil para Kamala", acrescentou a fonte, referindo-se à vice-presidente Kamala Harris, que potencialmente substituiria Biden como candidata democrata à Presidência.
Os democratas estão "fazendo isso a nós mesmos. É decepcionante, mas temos que superar isso, com ou sem uma mudança" na chapa, afirmou a fonte, acrescentando que "não há outra escolha".
(Reportagem de Nandita Bose e Jeff Mason)