Por Noah Browning e Sami Aboudi
SANA/DUBAI (Reuters) - O veterano ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh foi morto num ataque à beira de uma estrada nesta segunda-feira depois de mudar de lado na guerra civil do Iêmen, abandonando os seus aliados houthis, alinhados com o Irã, e passando a favorecer a coalizão liderada pelos sauditas, disseram adversários e simpatizantes.
Analistas afirmaram que a morte de Saleh será um grande reforço moral para os houthis e um golpe duro para a coalizão comandada pelos sauditas que interviu no conflito para tentar reinstalar o governo reconhecido internacionalmente do presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi.
Qualquer esperança que a coalizão tivesse de que Saleh pudesse ser atraído para ajudar na disputa contra os houthis após um prolongado impasse, no qual um bloqueio liderado pelos sauditas e combates internos têm exposto milhões à fome e à epidemia, foi frustrada.
A coalizão terá que continuar a participar de uma guerra dura, possivelmente tentando grandes ofensivas contra as áreas controladas pelos houthis, enfrentando o risco de um número alto de mortes entre civis, ou então oferecer concessões para trazer os poderosos houthis para a mesa de negociações.
Fontes na milícia houthi disseram que os seus combatentes pararam o veículo blindado de Saleh com um foguete nos arredores da capital Sana e o mataram a tiros. Fontes no partido de Saleh confirmaram que ele morreu num ataque ao seu comboio.
Supostas imagens do seu corpo ensanguentado num cobertor foram divulgadas, apenas dias depois de ele terminar com a sua aliança com os houthis, após quase três anos nos quais eles conjuntamente combateram a coalizão comandada pelos sauditas.
Num discurso transmitido pela TV nesta segunda-feira, Abdul Malik al-Houthi, líder dos houthis, celebrou a morte de Saleh como uma vitória contra o bloco liderado pelos sauditas, cumprimentando o Iêmen pelo “histórico, excepcional e grande dia, no qual a conspiração traidora fracassou, este dia negro para as forças da agressão”.
Ele declarou que os houthis manteriam o sistema republicano do Iêmen e não buscariam se vingar do partido de Saleh.
Simpatizantes dos houthis saíram com os seus carros às ruas, cantando canções de guerra.
Al-Houthi chamou o lançamento de um míssil anunciado pelo grupo contra os Emirados Árabes nesta semana como uma mensagem aos inimigos, aconselhando contra investimentos estrangeiros nos Emirados Árabes e na Arábia Saudita.
Saleh, 75 anos, havia dito num discurso no sábado que ele estava pronto para uma “nova página” nos laços com a coalizão e chamou os houthis de uma “milícia golpista”.