Por Aidan Lewis
CAIRO (Reuters) - O ex-presidente egípcio Mohamed Mursi foi enterrado durante uma cerimônia familiar discreta no Cairo na manhã desta terça-feira, um dia depois de sofrer um ataque cardíaco fatal em um tribunal, disseram seus filhos.
Homenagens tomaram as redes sociais. Primeiro chefe de Estado eleito democraticamente na história moderna do Egito, e deposto pelo Exército em 2013, ele foi sepultado ao lado dos túmulos de outros membros destacados da hoje proscrita Irmandade Muçulmana, disse Abdullah Mohamed Mursi à Reuters.
"Lavamos seu corpo nobre no hospital da prisão de Tora, lemos preces para ele no hospital da prisão", escreveu outro filho, Ahmed Mursi, no Facebook.
A Irmandade Muçulmana descreveu a morte de Mursi como um "assassinato explícito" e pediu reuniões em massa para marcar seu falecimento.
As ruas da capital, onde as autoridades vêm reprimindo islâmicos desde a deposição de Mursi, estavam tranquilas na manhã desta terça-feira. Mas a Turquia, que apoiou a presidência islâmica de Mursi, disse que realizará funerais simbólicos em suas 81 províncias ainda nesta terça-feira.
Outros ex-aliados de Mursi e oponentes do atual presidente egípcio, o ex-chefe do Exército Abdel Fattah al-Sisi, expressaram seus pêsames em postagens nas redes sociais, alguns criticando as condições em que Mursi era mantido.
Mursi morreu na segunda-feira depois de desmaiar em um tribunal do Cairo em que era julgado por acusações de espionagem, disseram autoridades e uma fonte médica. O político, de 67 anos, estava preso desde sua deposição, ocorrida quando mal havia completado um ano no cargo, na esteira de protestos em massa contra seu governo.
A segurança foi reforçada na noite de segunda-feira nos arredores da prisão do Cairo onde Mursi ficou detido e em Sharqiya, sua província natal, onde fontes de segurança disseram que o Ministério do Interior declarou um estado de alerta.
Não houve um aumento notável na segurança no centro do Cairo na manhã desta terça-feira. A mídia egípcia, que é intensamente controlada, deu pouca atenção à notícia.
Só um dos grandes jornais, o diário privado Al-Masry Al-Youm, estampou a notícia em sua primeira página, enquanto outros a ignoraram ou publicaram notas em páginas internas sem mencionar que Mursi foi presidente.