Por Janis Laizans e Maayan Lubell
LUZIT, ISRAEL (Reuters) - Logo depois que os atiradores do Hamas invadiram os vilarejos de Israel, começaram a surgir vídeos de israelenses sendo arrastados para Gaza. Um deles mostrava uma mulher idosa, com uma expressão de desafio no rosto, sendo levada em um carrinho de golfe para o enclave palestino.
A família da mulher de óculos e cabelos grisalhos, enrolada em um cobertor rosa e posteriormente identificada como Yafa Adar, de 85 anos, reconheceu-a imediatamente.
"Às 9 horas da manhã, ela nos enviou uma mensagem de texto dizendo que havia terroristas nas estradas do kibutz atirando e gritando. Essa foi a última mensagem que recebemos dela e depois perdemos contato", disse sua neta Adva Adar.
"Tenho outros familiares que moram no kibutz, então soubemos por eles das coisas horríveis que estão acontecendo, que as pessoas estão sendo mortas e sequestradas e que as casas estão sendo quebradas e queimadas até virar cinzas."
À noite, depois que os soldados limparam o kibutz de Nir Oz dos homens armados, a casa de Yaffa foi encontrada saqueada. Um de seus netos, da equipe de resposta voluntária do kibutz, ainda está desaparecido depois de confrontar os homens do Hamas.
Pelo menos 700 israelenses foram mortos no ataque de choque do Hamas que surpreendeu Israel. Muitos estão desaparecidos, inclusive crianças, muitas das quais se acredita estarem em poder do grupo dentro de Gaza. Os parentes já viram seus entes queridos em alguns vídeos.
Adva se emociona ao ver as imagens de sua avó sendo levada através de Gaza. Em um vídeo, ela parece estar cercada por dois homens armados e um motorista. Em outro, há um homem ao lado dela no banco de trás e o motorista está rindo.
"Não consigo nem começar a entender como as pessoas acham que faz sentido sequestrar uma senhora de 85 anos, bebês e crianças", disse Adva. "Isso não é humano."
Os mediadores do Catar realizaram chamadas urgentes para tentar negociar a liberdade de mulheres e crianças israelenses sequestradas em troca da libertação de 36 mulheres e crianças palestinas das prisões israelenses, disse uma fonte informada sobre as negociações à Reuters.
Uma autoridade israelense disse que nenhuma negociação estava em andamento, pois os aviões continuaram a bombardear Gaza em retaliação. As explosões puderam ser ouvidas em Luzit, o vilarejo de Adva, a cerca de 32 quilômetros de distância.
Adva diz que sua avó foi uma das fundadoras de seu kibutz e viveu todas as guerras de Israel. Nos vídeos, ela parece estar com a cabeça erguida e até sorrindo em alguns momentos.
"Ela é uma senhora forte. E você pode ver ali, ela está sentada tentando mostrar a eles que não tem medo e não está ferida. E se eles a levarem, eles a levarão com seu orgulho", disse Adva.