HAMDANIYA (Reuters) - Os pedidos de responsabilização dos culpados por um incêndio mortal em uma festa de casamento em uma cidade cristã do Iraque aumentaram nesta quinta-feira, enquanto familiares e amigos das vítimas participaram de um serviço funeral lotado e de cerimônias de enterro.
Mais de 100 pessoas morreram e pelo menos 150 ficaram feridas na noite de terça-feira em um incêndio que, segundo as autoridades, foi provocado pela falta de medidas de segurança e pelo uso de materiais altamente inflamáveis.
Em um sermão interrompido algumas vezes pelos lamentos de mulheres vestidas de preto, um padre da Igreja Al-Tahira, em Hamdaniya -- também conhecida como Qaraqosh -- disse aos enlutados que o Iraque estava unido na dor, mas criticou as autoridades por "sua corrupção e seu favorecimento".
"Nada está dentro do padrão neste país", disse ele, enquanto os enlutados, alguns chorando, outros segurando fotos dos falecidos, ouviam.
"Temos que responsabilizar aqueles que são responsáveis... chega, chega!"
A tragédia reavivou as lembranças dos incêndios mortais que atingiram dois hospitais do Iraque em 2021, matando pelo menos 174 pessoas ao todo, e que na época foram atribuídos à negligência, regulamentações frouxas e corrupção.
Autoridades do governo anunciaram a prisão de 14 pessoas por causa do incêndio de terça-feira à noite, incluindo os proprietários do salão de eventos, e prometeram uma investigação rápida com resultados anunciados em 72 horas.
O governo também ordenou inspeções imediatas em grandes espaços de reunião pública, como hotéis, escolas e hospitais.
"Não existe destino no Cristianismo, isso foi feito pelo homem", disse Botrous Kareem, um morador local que perdeu cinco primos no incêndio e estava a caminho de um cemitério para participar de mais enterros. "Deus não tem nada a ver com isso"
(Reportagem de Amina Ismail e Timour Azhari)