Por Maria Tsvetkova
GRECHANAYA BALKA, Rússia (Reuters) - O corpo do primeiro soldado russo a morrer na Síria foi devolvido a seus pais com ferimentos incompatíveis com a versão oficial de que ele se enforcou, disse o tio do militar a um jornal da Rússia nesta quarta-feira.
"Que história é essa de ele ter se enforcado?", indagou um homem não identificado que se descreveu como tio de Vadim Kostenko ao diário Novaya Gazeta no dia do enterro do oficial em seu vilarejo natal no sul da Rússsia.
"Ele estava com um maxilar quebrado e a nuca estava afundada. E seu pescoço estava quebrado". Ele ainda contou que o nariz do sobrinho estava partido, segundo relatou o jornal.
Na terça-feira, Kostenko, de 19 anos, parte da equipe de apoio da Força Aérea russa na Síria, se tornou o primeiro efetivo de seu país a ter a morte confirmada depois de quatro semanas de ataques aéreos em território sírio. O Ministério da Defesa declarou que ele se enforcou devido a problemas pessoais.
Os pais de Vadim, Alexander e Svetlana, disseram à Reuters na terça-feira que não acreditam que o filho tenha se matado, afirmando que ele parecia animado ao conversar pelo telefone no sábadoo, dia em que morreu enquanto trabalhava em uma base aérea na costa síria.
Tatiana, uma vizinha que não quis informar o sobrenome, disse à Reuters nesta quarta-feira que os pais ainda creem que Vadim não cometeu suicídio.
O Novaya Gazeta relatou que os pais exigiram uma nova autópsia. O Ministério da Defesa não estava disponível de imediato para comentar, mas, de acordo com a mídia local, a pasta teria dito desconhecer tal pedido.
O escritório do principal promotor militar da Rússia declarou nesta quarta-feira que ainda está analisando a morte de Kostenko, mas que suas conclusões iniciais confirmaram que ele se enforcou.
Kostenko foi de avião para a Síria em 14 de setembro, duas semanas antes de o Kremlin lançar sua campanha aérea para ajudar o presidente sírio, Bashar al-Assad, a combater militantes islâmicos.