Por Laurie Chen
PEQUIM (Reuters) - Dois feminicídios provocaram uma revolta nas redes sociais chinesas sobre a promoção do casamento pelo governo, com muitas pessoas argumentando que as mulheres recebem pouca proteção contra a violência doméstica.
Uma mulher de 24 anos na província rural de Henan foi esfaqueada até a morte pelo marido durante uma "briga familiar" na semana passada, após a qual ele foi preso, disseram autoridades na segunda-feira.
Na cidade semiautônoma de Hong Kong, os restos mortais desmembrados da socialite e modelo Abby Choi, de 28 anos, foram encontrados na semana passada, levando à prisão do ex-marido e dois de seus familiares por suspeita de assassinato.
Os assassinatos de mulheres de extremos opostos do espectro social agitaram as redes sociais, com um número crescente de pessoas questionando os pedidos do governo por casamento e mais bebês para compensar uma crise demográfica na China, que envelhece rapidamente.
"Se você não se casar, seu namorado bate em você. Se você for casada, seu marido bate em você. Se você for divorciada, seu ex-marido bate em você. O que aconteceu com este mundo?", questionou um usuário da plataforma Weibo.
"Não casar e não ter filhos é realmente o mais seguro", disse outra pessoa em uma publicação.
A hashtag do Weibo "Mulher de 24 anos morreu após ser esfaqueada oito vezes pelo marido" registrou mais de 200 milhões de visualizações apenas na terça-feira. Segundo a mídia, a vítima em Henan, de sobrenome Yang, tinha dois filhos pequenos.
Vídeos nas redes sociais que circularam na segunda-feira mostraram dezenas de moradores furiosos da cidade natal da vítima entrando em confronto com a polícia, mas a Reuters não conseguiu verificar a localização das imagens.
As noções tradicionais de casamento e obrigações familiares permanecem fortes na China, embora muitos jovens comecem a questioná-las, citando creches inacessíveis, apoio inadequado para mães que trabalham e aspirações individualistas.
(Reportagem de Laurie Chen)