Por Karen Lema
MANILA (Reuters) - As Filipinas estão preparadas para responder às tentativas da China de barrar suas missões de abastecimento no Mar do Sul da China e proteger suas tropas estacionadas no local, disse uma autoridade de alto escalão de segurança nesta quarta-feira.
Jonathan Malaya, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, afirmou que as Filipinas estão comprometidas em manter sua posição no Second Thomas Shoal e que não haverá interrupção nas missões de reabastecimento para os soldados filipinos em um navio de guerra encalhado no local.
"Nosso compromisso de manter o BRP Sierra Madre estará sempre presente, portanto, qualquer tentativa da China de interferir nas missões de reabastecimento será enfrentada pelas Filipinas de uma forma que proteja nossas tropas", disse Malaya em um fórum marítimo.
Malaya reiterou que as contramedidas anunciadas pelo presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., na semana passada, diante de ações "agressivas" da guarda costeira da China serão "multidimensionais" e não apenas de natureza militar.
Parte dessas medidas inclui a realização de "mudanças e ajustes" nas missões e operações de reabastecimento das Filipinas no Mar do Sul da China, disse Malaya sem entrar em detalhes, citando preocupações com a segurança.
Ecoando um apelo anterior do ministro da Defesa das Filipinas para que o público não seja vítima da propaganda chinesa, Malaya alertou sobre a "influência maligna estrangeira" destinada a enfraquecer as Filipinas.
Filipinas e China tiveram uma série de desentendimentos marítimos, incluindo o uso de canhões de água e trocas verbais acaloradas que geraram preocupação com uma escalada no mar.
A China reivindica quase todo o Mar do Sul da China como seu território, policiado por uma armada de navios da guarda costeira, alguns a mais de 1.000 km de seu continente. A China tem afirmado que suas respostas têm sido apropriadas diante da invasão das Filipinas.
Em 2016, a Corte Permanente de Arbitragem em Haia afirmou que as reivindicações da China no Mar do Sul da China não tinham base legal, uma decisão que Pequim rejeitou.
A disputa ocorre em um momento em que as Filipinas e os Estados Unidos estão aprofundando seus laços militares, frustrando a China, que vê Washington interferindo em seu quintal.
"A causa principal da atual escalada das disputas marítimas entre a China e as Filipinas é que as Filipinas contaram com o apoio de forças externas, violaram seus compromissos e se envolveram repetidamente em provocações", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, nesta quarta-feira.
(Reportagem adicional de Eduardo Baptista em Pequim)