Por Ali Sawafta
JENIN (Reuters) - O Exército de Israel vasculhou áreas em torno de assentamentos na ocupada Cisjordânia neste sábado, após dois incidentes separados de segurança na noite anterior, com uma operação militar e policial continuando na cidade de Jenin.
Drones e helicópteros sobrevoaram Jenin enquanto barulhos esporádicos de disparos podiam ser ouvidos na cidade, onde centenas de soldados israelenses estão operando desde quarta-feira, em uma das maiores operações na Cisjordânia em meses.
A operação, que, segundo Israel, foi iniciada para impedir que grupos militantes apoiados pelos iranianos realizassem ataques contra seus civis, atraiu apelos internacionais para que fosse interrompida.
Pelo menos 19 palestinos, incluindo civis e combatentes armados, foram mortos desde o começo da operação na manhã de quarta-feira.
A operação na Cisjordânia destacou tanto as dificuldades dos civis palestinos quanto a gama de desafios de segurança enfrentados pelas forças israelenses, sem uma trégua no horizonte em Gaza, onde as tropas vêm lutando contra grupos de combatentes do Hamas há meses.
Na noite de sexta-feira, as forças israelenses disseram que dois homens foram mortos em incidentes separados perto de Gush Etzion, um grande assentamento na Cisjordânia ao sul de Jerusalém, que o Exército avaliou como tentativas de ataques contra israelenses.
No primeiro, um carro explodiu em um posto de gasolina, no que o Exército afirma ter sido uma tentativa de ataque com carro-bomba. O Exército afirmou que um homem foi morto a tiros após sair do carro e tentar atacar soldados.
No segundo incidente, um homem foi morto após o Exército dizer que um carro tentou atropelar um guarda e se infiltrar no assentamento de Karmei Tzur. O carro foi perseguido pelos seguranças, bateu, e um explosivo no carro foi detonado, disse o Exército, em um comunicado.
As duas mortes foram confirmadas por autoridades de saúde palestinas, que não deram detalhes sobre como elas aconteceram.
Tropas vasculharam a área após os dois incidentes, que sublinharam os temores israelenses com ataques contra assentamentos israelenses na Cisjordânia. As forças de segurança também realizaram batidas na cidade de Hebron, de onde os dois homens são originários.
O grupo islâmico palestino Hamas emitiu um comunicado neste sábado elogiando o que chamou de “operação heróica dupla” na Cisjordânia, dizendo que “é uma mensagem clara que a resistência permanecerá firme, prolongada e sustentada, enquanto a agressão brutal da ocupação e o ataque ao nosso povo e terra continuarem”.
O grupo, no entanto, não reivindicou responsabilidade direta pelos ataques.
CONFLITOS EM JENIN
Enquanto isso, negociações por um cessar-fogo em Gaza, apoiadas por Catar, Egito e Estados Unidos, continuam aparentemente bloqueadas e também houve uma grande escalada de tensões com combatentes do Hezbollah no sul do Líbano.
O chefe do Exército, general Herzi Halevi, que conduziu uma revisão de segurança, disse neste sábado que as medidas defensivas de Israel seriam intensificadas, assim como ações ofensivas, como a grande operação na volátil cidade de Jenin.
Houve relatos de conflitos ferozes entre tropas israelenses e combatentes palestinos das facções armadas que há muito tempo têm uma presença forte na cidade e no campo de refugiados adjacente, um município densamente poupado que abriga famílias expulsas de suas casas na guerra do Oriente Médio de 1948.
A Cruz Vermelha Palestina disse neste sábado que uma criança foi levada ao hospital em Jenin com um ferimento de bala na cabeça.
No meio do tiroteio, escavadeiras blindadas procurando bombas na beira da estrada araram grandes trechos de estradas pavimentadas e canos de água foram danificados, o que gerou inundações em algumas áreas.
A operação desta semana do Exército israelense em Jenin e Tulkram, outra cidade volátil na Cisjordânia, e no Vale do Jordão, foi uma das maiores em meses, envolvendo centenas de tropas apoiadas por veículos blindados, drones e helicópteros.
(Reportagem adicional de Ari Rabinovitch e Jaidaa Taha)