Por Mohammad Mukhashaf e Sami Aboudi
ÁDEN (Reuters) - Tropas sauditas entraram em confronto com militantes iemenitas Houthis nesta terça-feira, na mais intensa troca de agressões desde o início, na semana passada, de uma ofensiva aérea liderada pela Arábia Saudita, e o chanceler do Iêmen pediu aos sauditas que realizem uma urgente ofensiva terrestre.
A Arábia Saudita lidera, desde a última quinta-feira, uma coalizão de países árabes para lutar contra o grupo xiita Houthi, que emergiu como força mais poderosa do Iêmen, país mais pobre da Península Arábica, após ter assumido o controle da capital no ano passado.
Os sauditas dizem que seu objetivo é restituir o presidente Abd-Mansour Hadi, que se retirou do Iêmen na semana passada. Os Houthis são aliados do Irã, inimigo regional da Arábia Saudita, e recebem o apoio de divisões do Exército leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, apeado do poder há três anos, em meio à "Primavera Árabe".
Moradores e fontes tribais no norte do Iêmen relataram trocas de tiros de artilharia e foguetes ao longo de várias partes da fronteira com a Arábia Saudita. Explosões e forte tiroteio foram ouvidos e helicópteros sauditas sobrevoaram a área, disseram as testemunhas e fontes.
No porto de Áden, no sul do país, combatentes Houthis e divisões aliadas do Exército pressionaram uma ofensiva contra forças leais a Hadi, na tentativa de capturar o último refúgio importante das forças do presidente ausente.
Ao menos 36 pessoas foram mortas quando as forças Houthis bombardearam as forças leais a Hadi em Áden. Caças da coalizão liderada pela Arábia Saudita bombardearam posições dos Houthis próximas ao aeroporto.
Mais a oeste, combatentes Houthis entraram em um base militar na costa do Mar Vermelho, de frente para o estratégico estreito de Bab el-Mandeb, disseram autoridades locais.
A via de transporte por navios do estreito de Bab el-Mangeb, que conecta o Mar Vermelho ao Golfo de Áden e ao Mar Árabe, é uma rota vital para mais de 3 milhões de barris de petróleo por dia, com destino a Europa, Ásia e Estados Unidos.
Perguntado por um entrevistador do canal de TV árabe Al-Arabiya Hadath se trabalhava em prol de uma intervenção terrestre por forças árabes, o chanceler iemenita, Riyadh Yaseen, respondeu: "Sim, estamos pedindo por isso, e o mais rápido possível, para que nossa infraestrutura seja salva e que os iemenitas sob cerco em várias cidades sejam salvos."
Autoridades sauditas disseram ter reunido tropas ao longo da fronteira de modo a se preparar para uma possível ofensiva terrestre, mas não estabeleceram prazo para que isso ocorra.
(Reportagem adicional de Noah Browning e William Maclean em Dubai, Angus McDowall em Riad, Stephanie Nebehay em Genebra e Mohammed Ghobari no Cairo)