CAIRO (Reuters) - Um importante general sudanês rejeitou violentamente uma proposta liderada pelo Quênia para que as forças de paz da África Oriental ajudem a acabar com uma guerra civil que já dura mais de 100 dias no Sudão, sugerindo em um vídeo divulgado na segunda-feira que tais tropas não voltariam vivas para casa.
O Exército sudanês e as paramilitares Forças de Apoio Rápido(RSF), que estão em combate, receberam várias ofertas de mediação internacional, mas nenhuma conseguiu encerrar ou mesmo interromper significativamente os conflitos que eclodiram em 15 de abril.
No início deste mês, o IGAD, um bloco regional da África Oriental do qual o Quênia é membro, propôs uma iniciativa que incluiria o envio de forças de paz para a capital Cartum.
O Exército sudanês rejeitou repetidamente a iniciativa liderada pelo Quênia, acusando o poder regional de apoiar a RSF.
O general disse que consideraria quaisquer forças de paz estrangeiras como forças inimigas.
"Deixe as forças da África Oriental onde estão. Traga o exército queniano... juro por Deus, nenhum deles conseguiria voltar", disse o general sudanês Yassir al-Atta em comentários às tropas.
Ele também acusou o Quênia de ser comprado por um terceiro país não identificado.
"Esta declaração não merece nosso comentário", disse à Reuters o principal secretário de Relações Exteriores do Quênia, Korir Sing'Oei, acrescentando que as acusações eram infundadas e que seu país era neutro.
"Por insistirmos que a paz duradoura só será alcançada por meio da inclusão de atores civis em qualquer processo de mediação, e apelarmos pela responsabilização pelas atrocidades, alguns no Sudão podem achar esses princípios difíceis de aceitar", acrescentou.
(Reportagem de Nafisa Eltahir no Cairo e Hereward Holland em Nairobi)