Por Max Hunder e Abdelaziz Boumzar
KIEV/KUPIANSK, UCRÂNIA (Reuters) - O governador nomeado pela Rússia para a região de Kherson, no sul da Ucrânia, disse aos moradores na quinta-feira que peguem seus filhos e fujam, em um dos sinais mais claros de que Moscou está perdendo o controle do território que afirma ter anexado.
Em uma declaração em vídeo no Telegram, Vladimir Saldo pediu publicamente a ajuda de Moscou para transportar civis para regiões mais seguras da Rússia.
"Todos os dias, as cidades da região de Kherson são submetidas a ataques de mísseis", disse Saldo. "Como tal, a liderança do governo Kherson decidiu fornecer às famílias de Kherson a opção de viajar para outras regiões da Federação Russa para descansar e estudar".
"Nós sugerimos que todos os moradores da região de Kherson, se quiserem, para se protegerem das consequências dos ataques com mísseis,... vão para outras regiões", disse ele, aconselhando as pessoas a "saírem com seus filhos".
Kherson é uma das quatro províncias ucranianas parcialmente ocupadas que a Rússia afirma ter anexado este mês, e sem dúvida, a mais estrategicamente importante. Ela controla tanto a única rota terrestre para a península da Crimeia, que a Rússia tomou em 2014, quanto a foz do Dnipro, o rio gigante que corta a Ucrânia.
Desde o início de outubro, as forças ucranianas romperam as linhas de frente da Rússia em seu maior avanço no sul desde o início da guerra. Desde então, as tropas estão avançando rapidamente ao longo da margem oeste do Dnipro, com o objetivo de cortar milhares de tropas russas das linhas de suprimentos e possíveis rotas de fuga.
Momentos após a mensagem de Saldo, seu vice, Kirill Stremousov, emitiu uma declaração negando qualquer plano de evacuação.
"Não há e não pode haver evacuação na região de Kherson", disse Stremousov, acrescentando em um comentário por escrito: "Ninguém está planejando retirar as tropas russas da região de Kherson".
Uma fuga de civis de Kherson seria um grande golpe para a alegação da Rússia de ter anexado cerca de 15% do território da Ucrânia este mês e incorporado uma área do tamanho de Portugal ao país.
(Reportagem das redações da Reuters)