Por Crispian Balmer e Angelo Amante
ROMA (Reuters) - O governo de coalizão da Itália não teve dificuldade para vencer uma moção de confiança no Senado nesta quarta-feira provocada por um decreto de segurança polêmico, mas uma série de questões continua a causar tensões entre os dois partidos governistas.
O projeto de lei capitaneado pelo vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga, endurece os regulamentos de imigração, limita o direito de asilo e fortalece as regras antiterrorismo e antimáfia.
Apesar de alguns receios entre as fileiras do antiestablishment Movimento 5 Estrelas, parceiro de coalizão da Liga, o governo venceu a votação por 163 a 59 -- só 5 senadores do 5 Estrelas se recusaram a votar.
"Este é um dia histórico", comemorou Salvini, que apostou sua credibilidade no pacote que, diz ele, diminuirá o número de imigrantes que permanecem na Itália.
Agora o projeto de lei precisa ser aprovado pela Câmara.
Se tivesse perdido a moção, o governo teria sido obrigado a renunciar.
A decisão de pedir uma moção de confiança, que é uma maneira de forçar a aprovação de uma legislação truncando o debate, sinalizou uma turbulência dentro da coalizão, que tomou posse em junho e abalou os mercados financeiros com suas diretrizes econômicas.
Embora o projeto de lei de segurança tenha causado certo mal estar interno, existe um atrito maior no governo em relação aos esforços do 5 estrelas para afrouxar os prazos impostos para o processo de vários crimes, inclusive a corrupção.
A Liga diz que suavizar o período de prescrição pode obrigar os réus a enfrentarem batalhas legais inaceitavelmente longas. O 5 estrelas argumenta que atualmente casos demais são descartados sem que jamais se chegue a um veredicto.
O jornal Corriere della Sera citou fontes anônimas da Liga segundo as quais existe uma perspectiva crescente de uma eleição antecipada em março.
Salvini tentou apaziguar os ânimos, dizendo aos repórteres: "Estou convencido de que, dentro de algumas horas, teremos chegado a um acordo (sobre a prescrição). As pessoas que têm bom senso sempre chegam a um acordo".
"Os chacais deveriam se resignar com o fato de que este governo continuará trabalhando nos próximos cinco anos".
(Reportagem adicional de Giselda Vagnoni)