Por Elizabeth Pineau e Bertrand Boucey
PARIS (Reuters) - O governo do presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta duas moções de desconfiança na Assembleia Nacional nesta segunda-feira, depois de ter contornado a câmara baixa para aprovar uma reforma profundamente impopular do sistema previdenciário que aumentará a idade de aposentadoria.
Agitações violentas irromperam em várias cidades, incluindo a capital, Paris, e os sindicatos prometeram intensificar as greves, deixando Macron para enfrentar o desafio mais perigoso à sua autoridade desde a revolta dos "coletes amarelos" há mais de quatro anos.
"Não é um fracasso, é um desastre total", disse Laurent Berger, chefe da confederação sindical CFDT ao jornal Libération.
Parece improvável que as moções desta segunda-feira sejam aprovadas, mas o resultado pode ser apertado. Um voto de desconfiança bem-sucedido derrubaria o governo e anularia a legislação, que deve aumentar a idade de aposentadoria em dois anos, para 64 anos.
No domingo, o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, chamou os votos de "um momento da verdade" para o governo.
Para derrubar o governo, os oponentes de Macron precisam do apoio da maioria dos 577 legisladores, em uma aliança que precisaria abranger desde a extrema esquerda até a extrema direita.
Mesmo que as moções falhem, o fracasso de Macron em encontrar apoio suficiente no Parlamento para colocar em votação a reforma do sistema previdenciário minou sua agenda reformista e enfraqueceu sua liderança, dizem observadores.
Uma pesquisa de opinião da Elabe mostrou que dois terços dos franceses desejam a queda do governo, destacando os desafios de percepção pública que Macron enfrentará no futuro.
Greves contínuas em refinarais entraram no 13º dia. A produção na refinaria da Normandia de 240.000 barris por dia (bpd) e de 119.000 bpd em Feyzin foram reduzidas, pois um bloqueio nas remessas deixou os tanques de armazenamento quase cheios.