Por Pavel Polityuk
LVIV (Reuters) - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que o cerco russo à cidade portuária de Mariupol causou "um terror que será lembrado por séculos", enquanto autoridades locais disseram que milhares de moradores foram levados forçadamente para além da fronteira.
"Na semana passada, milhares de moradores de Mariupol foram deportados para o território russo", disse o parlamento da cidade em comunicado em seu canal do Telegram na noite de sábado.
Agências de notícias russas disseram que ônibus transportaram centenas de pessoas que Moscou chama de refugiados de Mariupol para a Rússia nos últimos dias.
Muitos dos 400.000 moradores de Mariupol estão presos há mais de duas semanas enquanto a Rússia tenta assumir o controle da cidade, o que ajudaria a garantir um corredor terrestre até a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
O presidente Vladimir Putin chama o ataque à Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro, de "operação especial" para desmilitarizar o país e erradicar pessoas que ele classifica como nacionalistas perigosos.
As nações ocidentais chamam isso de guerra de escolha e impuseram sanções punitivas com objetivo de prejudicar a economia da Rússia.
A Ucrânia e seus apoiadores no Ocidente dizem que as forças terrestres russas fizeram poucos avanços na semana passada, concentrando seus esforços em ataques de artilharia e mísseis - muitas vezes em centros urbanos.
O assessor presidencial ucraniano, Oleksiy Arestovych, disse neste domingo que houve uma relativa calmaria no último dia, com "praticamente nenhum ataque de foguetes em cidades (ucranianas)". Ele acrescentou que as linhas de frente estavam "praticamente paradas".
O bombardeio em Mariupol deixou prédios em escombros e cortou o fornecimento central de eletricidade, aquecimento e água, segundo autoridades locais.
Equipes de resgate ainda estavam procurando por sobreviventes em um teatro de Mariupol que as autoridades locais dizem ter sido arrasado por ataques aéreos russos na quarta-feira. A Rússia nega ter atacado o local.
O parlamento da cidade de Mariupol também disse que as forças russas bombardearam uma escola de arte em Mariupol no sábado, onde 400 moradores estavam abrigados, mas o número de vítimas ainda não é conhecido.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente as alegações. A Rússia alega que não ataca civis.
Zelenskiy disse que o cerco de Mariupol é um crime de guerra. "Fazer isso com uma cidade pacífica... é um terror que será lembrado por séculos", disse ele em uma transmissão noturna.
Ainda assim, disse ele, as negociações de paz com a Rússia são necessárias, embora "não sejam fáceis e agradáveis".