BRASÍLIA (Reuters) - O governo fez uma avaliação "positiva" da aprovação de uma das medidas do ajuste fiscal na Câmara dos Deputados na última semana, e espera que o Congresso continue a analisar as propostas nos próximos dias, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva.
De acordo com o ministro, que participou na manhã desta segunda de reunião com a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente e responsável pela articulação política, Michel Temer, e líderes do governo nas Casas, além de ministros envolvidos na coordenação, o diálogo com a Câmara e o Senado tem sido "extremamente positivo".
"A pauta principal da reunião da coordenação foi a aprovação da MPs no Congresso Nacional. Foi feito um balanço muito positivo do início das votações na Câmara e todos esperam a continuidade das votações nesta semana e posteriormente as votações no Senado Federal", disse Edinho a jornalistas após a reunião, referindo-se à MP 665, que altera regras de acesso a benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego, já votada pela Câmara, e à MP 664, que restringe o acesso a benefícios previdenciários como a pensão por morte e está pronta para ser votada pelos deputados.
O ministro afirmou ainda que a presidente mostrou-se muito agradecida pela votação aos parlamentares e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), minimizando a posição do aliado PDT contrária às medidas durante a votação da 665.
"O Executivo, a presidenta Dilma, respeitam o Parlamento brasileiro, respeitam a diversidade de opiniões", afirmou.
A despeito da postura otimista quanto à aprovação das medidas, o governo teve de fazer uma grande mobilização de sua equipe de articulação em um esforço que envolveu a troca do comando das Relações Institucionais, passando a ser conduzida por Temer.
Após telefonemas de ministros a seus correligionários, mudanças nos textos das MPs durante sua tramitação em comissões mistas, adiamentos e muito debate, o governo viu a primeira das MPs aprovadas na Câmara, mas ainda assim com um placar apertado.
Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de inclusão do fim do fator previdenciário na MP 664, Edinho afirmou que o Executivo irá se posicionar na "hora certa" e que o governo "respeita" a opinião dos parlamentares.
SABATINA DE FACHIN
O ministro se disse ainda confiar "no bom senso" dos senadores e no currículo do advogado e professor de Direito Civil da Universidade Federal do Paraná Luiz Edson Fachin, a ser sabatinado na terça-feira desta semana na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Após a sabatina, o nome deve ser submetido a voto tanto na comissão quanto no plenário da Casa.
Edinho voltou a afirmar que o governo segue trabalhando para anunciar "em breve" um plano de investimentos em infraestrutura.
Em outras ocasiões, o ministro já classificou o plano como "arrojado" e adiantou que terá foco na logística.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)