Por Jonathan Saul
JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seus partidários comemoraram a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, saudando o que um líder do movimento de colonos israelenses chamou de um aliado que os apoiaria "incondicionalmente".
Ao parabenizar o republicano Trump, Netanyahu disse que o ex-presidente havia feito "o maior retorno da história".
"Seu retorno histórico à Casa Branca oferece um novo começo para os Estados Unidos e um poderoso compromisso com a grande aliança entre Israel e os Estados Unidos", afirmou ele em uma declaração, que foi repetida pelos líderes dos partidos religiosos nacionalistas de extrema-direita em sua coalizão.
O grupo militante palestino Hamas, que vem lutando contra Israel há mais de um ano em Gaza, disse que a eleição era uma questão para o povo norte-americano, mas pediu o fim do "apoio cego" dos Estados Unidos a Israel.
"Pedimos a Trump que aprenda com os erros do (presidente Joe) Biden", disse Sami Abu Zuhri, representante do Hamas, à Reuters.
O resultado é um alívio para a coalizão de Netanyahu, que entrou em conflito com a administração democrata de Biden por causa dos combates em Gaza e no Líbano, que alimentaram protestos em todo o mundo e deixaram Israel cada vez mais isolado internacionalmente.
Enquanto o mundo assistia às eleições norte-americanas na noite de terça-feira, Netanyahu aproveitou a oportunidade para demitir seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, um dos interlocutores preferidos do governo Biden e dos militares norte-americanos no governo.
"O atual governo confiava no ministro Gallant", disse Ephraim Sneh, ex-general de brigada do Exército israelense.
A remoção de Gallant, no meio de uma guerra de várias frentes que ameaça se transformar em um confronto em grande escala com o Irã, levou manifestantes às ruas em Israel, mas foi bem recebida pelo campo de Netanyahu.
Israel Katz, o substituto de Gallant que vinha atuando como ministro das Relações Exteriores, disse que a vitória de Trump fortalecerá a aliança com Israel e ajudará a garantir o retorno dos 101 reféns que ainda permanecem em Gaza.
O primeiro governo Trump proporcionou grandes vitórias a Netanyahu quando foi contra a maioria do mundo ao reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e aceitar a soberania israelense sobre as Colinas de Golã.
Mas não ficou claro se o novo governo de Trump dará o mesmo apoio no meio de uma guerra que poderia atrair diretamente os Estados Unidos, disse Burcu Ozcelik, pesquisador do Royal United Services Institute em Londres.
"No topo de uma complexa lista de incógnitas está o grau de influência que Trump terá sobre Netanyahu", declarou ela.
(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi no Cairo)