Governo oficial da Líbia proíbe entrada de palestinos, sírios e sudaneses

Publicado 06.01.2015, 17:45
Atualizado 06.01.2015, 17:50
© Reuters. Passageiro passa por posto de segurança na fronteira de Ras Jdir

Por Ayman al-Warfalli

BENGHAZI, Líbia (Reuters) - O governo oficial da Líbia suspendeu a entrada de cidadãos da Palestina, da Síria e do Sudão porque esses países estão minando a segurança líbia, disse o ministro do Interior à Reuters.

A decisão se deu no momento em que forças leais ao primeiro-ministro, Abdullah al-Thinni, lançaram um novo ataque aéreo em Misrata, cidade no oeste ligada ao governo rival que tomou Trípoli em agosto, com a ajuda de um grupo armado chamado Amanhecer da Líbia.

Thinni, internacionalmente reconhecido como premiê da Líbia, foi forçado a ir para o leste desde que perdeu Trípoli, mas está tentando retomar territórios com ataques aéreos contra forças opositoras. No domingo, um avião atingiu um cargueiro grego na costa do porto de Derna, matando dois integrantes da tripulação.

Também há relatos de combates perto do porto de Es Sider, que o Amanhecer tem tentado tomar com uma ofensiva iniciada no mês passado. O terminal e o porto de Ras Lanuf, no mesmo local, estão fechados desde então.

"Decidimos banir cidadãos do Sudão, Síria e Palestina, depois que serviços de inteligência e a polícia concluíram que alguns países árabes estão envolvidos em minar a segurança e a soberania da Líbia", disse Omar al-Sanki, ministro do Interior de Thinni, na noite de segunda-feira à Reuters.

Com a sua autoridade limitada ao leste, Thinni é capaz de fazer valer a proibição somente nos aeroportos de Tobruk e Labraq e na passagem por terra com o Egito. A fronteira com a Tunísia e os aeroportos de Misrata e Trípoli-Mitiga estão fora do seu controle.

O principal aliado militar de Thinni, o ex-general Khalifa Haftar, tem acusado sudaneses, palestinos e sírios de terem se juntado à organização Ansar al-Sharia e outros grupos islâmicos que enfrentam as forças do governo na cidade de Benghazi, no leste.

Em setembro, Thinni disse que o Sudão havia tentado enviar armas e munição para os novos dirigentes de Trípoli. Cartum negou a acusação, dizendo que as armas eram para uma força conjunta de fronteira sob um acordo bilateral.

Os governantes de Trípoli acusam o Egito e os Emirados Árabes Unidos, dois países preocupados com a ampliação do islamismo, de ajudar militarmente o ex-general Haftar. Ele nega, mas analistas têm especulado como a Força aérea líbia, antiga e pequena, é capaz de manter operações diárias.

© Reuters. Passageiro passa por posto de segurança na fronteira de Ras Jdir

O conflito líbio envolve rebeldes que ajudaram a derrubar Muammar Gaddafi em 2011, mas que agora lutam entre si pelo controle das maiores reservas de petróleo da África. A Organização das Nações Unidas (ONU) têm tentado mediar a situação, mas uma rodada de negociações tem sido repetidas vezes adiada por conta dos combates.

O comandante da Força Aérea de Haftar, Saqer al-Joroushi, disse que haverá ataques diários em Misrata a partir de agora. Nesta terça-feira, o aeroporto da cidade foi atacado, mas não houve danos, de acordo com o porta-voz do aeroporto, Suleiman al-Jehaimi.

Na segunda-feira, a companhia aérea Turkish Airlines anunciou a suspensão dos voos para Misrata por causa da segurança. A empresa já havia parado de voar para Trípoli, Benghazi e Sabha.

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