Por Jake Spring
SÃO PAULO (Reuters) - O mundo perdeu uma área de floresta do tamanho do Estado norte-americano do Wyoming no ano passado, com os incêndios florestais na Rússia batendo recordes históricos e o desmatamento na Amazônia permanecendo alto, mostrou um relatório de um projeto de monitoramento global florestal nesta quinta-feira.
O Global Forest Watch, que é apoiado pela organização sem fins lucrativos World Resources Institute (WRI) e se baseia em dados florestais coletados pela Universidade de Maryland, disse em um relatório que cerca de 253.000 quilômetros quadrados de floresta foram perdidos em 2021.
As florestas representam um amortecedor contra as mudanças climáticas por causa das grandes quantidades de dióxido de carbono que absorvem, e sua rápida destruição está colocando em risco as metas climáticas globais, disseram analistas do WRI em um briefing.
O alto nível de perda florestal em 2021, embora praticamente estável em relação a 2020, não condiz com o compromisso anunciado por mais de 100 líderes mundiais em uma cúpula climática das Nações Unidas em novembro passado para interromper o desmatamento até 2030, disseram analistas.
"Não estamos vendo o declínio descendente (na perda de florestas) que esperávamos ver nesses resultados", disse Rod Taylor, diretor do programa global de florestas do WRI, referindo-se ao compromisso de 2030.
Os motivos da redução da cobertura florestal incluem causas humanas e naturais, bem como desmatamento, incêndios florestais e outras destruições.
A perda de 37.500 quilômetros quadrados de floresta tropical antiga é particularmente preocupante porque a vegetação densa absorve altos níveis de carbono, disseram analistas do WRI.
Embora essa destruição tenha sido ligeiramente inferior a 2020, causou emissões de dióxido de carbono equivalentes a todo o combustível fóssil que a Índia queima em um ano, segundo o relatório.
Essa destruição foi esmagadoramente causada por humanos descampando permanentemente a terra, com mais de 40% dessa perda no Brasil.
As florestas boreais frias encontradas nas regiões do extremo norte, como Canadá, Rússia e Alasca, perderam mais de 80.000 quilômetros quadrados de área no ano passado, o nível mais alto desde que os registros começaram em 2001.
A maior parte dessa perda deveu-se a incêndios recordes na Rússia, causados por condições mais quentes e secas que provavelmente estão ligadas às mudanças climáticas, segundo o relatório.
"É extremamente preocupante", disse Taylor.
"Estamos vendo incêndios queimando com mais frequência, mais intensidade e de forma mais abrangente do que jamais ocorreriam em condições normais."