Por John Irish e Warren Strobel
MUNIQUE (Reuters) - Grandes potências concordaram nesta sexta-feira com a suspensão das hostilidades na Síria, concebida para ter início em uma semana e proporcionar acesso humanitário rápido a cidades sírias sitiadas, mas não conseguiram acertar um cessar-fogo completo nem o fim dos ataques aéreos russos.
Após uma maratona de reuniões em Munique com o objetivo de ressuscitar as conversas de paz, que fracassaram na semana passada, as potências, entre elas Estados Unidos, Rússia e mais de uma dúzia de outras nações, reafirmaram seu comprometimento com uma transição política quando as condições no território síria melhorarem.
Em uma coletiva de imprensa, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, reconheceu que o encontro na Alemanha resultou em compromissos tão somente no papel.
"O que precisamos ver nos próximos dias são ações locais, no país", disse ele, acrescentando que "sem uma transição política, não é possível obter a paz".
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, declarou na coletiva de imprensa que seu país não irá interromper a ofensiva aérea na Síria, afirmando que a cessação das hostilidades não se aplica ao Estado Islâmico nem à Frente Al-Nusrah, que é filiada à Al Qaeda. Militantes do Estado Islâmico controlam grandes partes da Síria e do Iraque.
"Nossas forças continuarão a atuar contra estas três organizações no espaço aéreo", afirmou.
Os EUA e seus aliados europeus argumentam que poucos bombardeios russos visaram estas facções e que a grande maioria atingiu grupos de oposição apoiados pelo Ocidente que almejam derrubar o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Lavrov disse que as conversas de paz deveriam ser retomadas em Genebra o mais cedo possível e que todos os grupos opositores sírios deveriam participar. Ele ainda acrescentou que deter as hostilidades será uma tarefa difícil.
Mas o chanceler britânico, Philip Hammond, afirmou que só será possível pôr fim aos combates se a Rússia interromper seus ataques aéreos em apoio ao avanço de forças governamentais sírias contra a oposição.
Diplomatas alertaram que, até agora, Moscou não demonstrou nenhum interesse em ver Assad substituído e que está forçando uma vitória militar.