ATENAS (Reuters) - Manifestantes que lembravam um levante estudantil sangrento de 1973 contra a junta militar que controlava a Grécia à época se chocaram nesta terça-feira com policiais que tentavam impor uma proibição a reuniões públicas, adotada para combater a disseminação do coronavírus.
A polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os manifestantes que tentavam marchar pela capital Atenas, ignorando a proibição que o governo disse ser vital para proteger a saúde pública durante uma pandemia.
Partidos de oposição comunistas e de esquerda rotularam a decisão de "autoritária".
Mais cedo, policiais não intervieram quando dúzias de membros do partido comunista KKE, que usavam máscaras e respeitavam as regras de distanciamento social, realizaram um protesto separado no centro de Atenas para marcar o aniversário da revolta.
De manhã, o presidente grego, partidos políticos e cidadãos depositaram uma coroa e flores na Universidade Politécnica de Atenas vazia para homenagear as dúzias de pessoas mortas durante a revolta estudantil realizada perto do final do regime militar de 1967-74.
Em um dia comum, nesta época do ano, o campus estaria repleto de pessoas em fila para prestar homenagens ao mortos do levante, que foi um divisor de águas na história moderna da Grécia – mas a pandemia de coronavírus mudou o quadro.
O país registrou mais 2.198 casos e 58 mortes na segunda-feira, seu segundo maior número diário de fatalidades até agora.
A Grécia se saiu melhor do que outros países europeus na primeira onda da pandemia, na primavera passada, devido a um lockdown precoce – mas a disparada de casos vista desde o começo de outubro obrigou as autoridades a imporem um segundo lockdown de âmbito nacional que vence no final de novembro.
(Por Angeliki Koutantou e Renee Maltezou)