Por Pavel Mikheyev
ASTANA (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, e Xi Jinping, da China, exaltaram seu clube de segurança euro-asiático nesta quarta-feira como uma força para a estabilidade global em uma cúpula do órgão regional, visto por Moscou e Pequim como uma ferramenta para combater a influência ocidental.
Putin e o presidente chinês expandiram a Organização para Cooperação de Xangai (OCX), um clube fundado em 2001 com Rússia, China e países da Ásia Central, para incluir Índia, Irã e Paquistão, como um contrapeso ao Ocidente.
"A organização se estabeleceu firmemente como um dos pilares fundamentais de uma ordem mundial justa e multipolar", disse Putin, acrescentando que relações bilaterais entre Moscou e Pequim estão em seu melhor momento na história.
"Nossa cooperação não é dirigida contra ninguém, não estamos criando blocos ou alianças, estamos apenas agindo de acordo com os interesses dos nossos povos", afirmou Putin.
Em seus comentários de abertura, Xi disse a Putin que China e Rússia deveriam "manter a aspiração original de amizade por gerações" em resposta a "uma situação internacional em constante mutação".
Ao chamar Putin de "velho amigo", Xi fez referência ao progresso que os dois países tiveram ao colocar em prática "planos e acordos para o próximo desenvolvimento de relações bilaterais".
Segundo o Kremlin, Putin realizou uma série de reuniões bilaterais durante a cúpula da OCX, realizada em Astana, capital do Cazaquistão, com térmico previsto para a quinta-feira.
A OCX promove abordagens comuns a ameaças externas de segurança, como tráfico de drogas, e também foca no combate a qualquer instabilidade doméstica.
Antes da reunião com Xi, Putin se encontrou com o presidente turco, Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, e os presidentes de Azerbaijão e Mongólia, Ilham Aliyev e Ukhnaagiin Khurelsukh.
A Índia afirmou que o primeiro-ministro Narendra Modi, esperado em Moscou ainda neste mês, não participará da reunião em Astana e enviará o ministro das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, em seu lugar.
PARCERIA "SEM LIMITES"
China e Rússia declararam uma parceria "sem limites" em fevereiro de 2022, quando Putin visitou Pequim dias antes de enviar tropas à Ucrânia. Desde então, Xi e Putin aprofundaram as relações.
Os dois acreditam que a era pós-Guerra Fria dominada pelos Estados Unidos está desmoronando. Os EUA consideram a China sua principal concorrente, e a Rússia, a maior ameaça de um Estado-nação. O presidente norte-americano Joe Biden diz que este século será definido por uma disputa existencial entre democracias e autocracias.
Na cúpula virtual do ano passado, o grupo criticou o que chamou de impacto negativo da "expansão unilateral e ilimitada de sistemas globais de defesa de mísseis por certos países ou grupos de países", sem referir-se diretamente à expansão da Otan ou à assistência militar do Ocidente à Ucrânia.
(Reportagem adicional de Joe Cash em Pequim)