Por Sabine Siebold e Janis Laizans
A BORDO DO USS MESA VERDE NO (Reuters) - A guerra da Ucrânia injetou uma dose de realismo sombrio ao exercício naval anual da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Mar Báltico, com as forças do Ocidente treinando pela primeira vez sobre como reagir a um eventual ataque russo contra a região.
As duas semanas de exercícios militares no local ocorrem nos mares de Letônia e Estônia, membros da Otan que fazem fronteira com a Rússia a leste e ficaram mais expostos a ameaças de Moscou desde que as forças russas invadiram a Ucrânia no ano passado.
Os exercícios começaram no dia 9 de setembro. No total, participam da ação 30 navios e mais de 3.000 militares de todos os países da Otan na região báltica, além da Suécia -- que se juntará ao grupo em breve -- e outros aliados como Estados Unidos, Canadá, Holanda, Bélgica e França.
As forças estão realizando operações anfíbias, ataques mar-terra e garantindo a segurança de rotas no Báltico.
O contra-almirante alemão e diretor dos exercícios, Stephan Haisch, afirmou que a presença russa no Mar Báltico, incluindo fragatas e uma embarcação espiã, é normal e esperada, mas que neste ano as ações da aliança se distanciaram dos cenários artificiais para se aproximar da realidade durante os exercícios.
“Por muitos anos tivemos um cenário artificial. Agora, estamos mais próximos de dar um sentido realístico a isto, na geografia, nos parceiros e no oponente. Então, está agora mais realista do que no passado”, afirmou Haisch a bordo do navio norte-americano Mesa Verde.
O capitão Maris Polencs, comandante naval da Letônia, afirmou que o país precisa desenvolver tecnologia de colocação e retirada de minas marítimas por causa da invasão russa na Ucrânia. “Começamos a ver que as minas serão uma ameaça real no Mar Báltico se um conflito similar ocorrer nesta região”, afirmou.
Esse é o primeiro exercício dessa envergadura que a Marinha alemã -- que possui a maior frota do Báltico -- comanda a partir da sua sede, em Rostock. Em caso de conflito com a Rússia, a Alemanha está pronta para conceder as instalações à Otan.
A Finlândia se juntou à aliança neste ano, e a entrada da Suécia deve ser aprovada em breve. A invasão russa à Ucrânia mudou radicalmente a postura estratégica no Mar Báltico, cuja maior parte da costa é compartilhada por nações conhecidas como neutras desde os tempos napoleônicos.
Com as novas entradas, praticamente toda a costa báltica será território da Otan, com exceção das poucas terras russas e do enclave de Kaliningrado, espremido entre a Polônia e a Lituânia.