Por Luke Baker e Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu obteve uma vitória de última hora em Israel depois de fazer fortes apelos à extrema direita nos últimos dias de campanha, inclusive abandonando o compromisso de negociar um Estado palestino.
Em uma blitz pré-eleitoral, Netanyahu fez uma série de promessas destinadas a reforçar a base de seu partido, o Likud, e atrair os eleitores de outros partidos de direita e nacionalistas. Ele se comprometeu a continuar a construção de assentamentos judaicos em terras ocupadas e disse que não haveria Estado palestino se fosse reeleito.
Com 99,5 por cento dos votos apurados nesta quarta-feira, o Likud tinha conquistado de 29 a 30 assentos dos 120 do Parlamento (Knesset), derrotando confortavelmente a oposicionista União Sionista, de centro-esquerda, que obteve 24, de acordo com a Comissão Eleitoral Central de Israel e a mídia israelense. A lista unificada de partidos árabes ficou em terceiro lugar, com 14 cadeiras.
Netanyahu obteve uma vitória dramática e inesperada – as últimas pesquisas de opinião publicadas quatro dias antes da votação apontavam a União Sionista com uma vantagem de quatro cadeiras.
Embora Netanyahu ainda tenha de montar uma coalizão para permanecer no poder, a sua vitória garante que ele terá a oportunidade de formar o governo, o que faria com que se torne o líder que mais tempo permaneceu no cargo na história de Israel.
Mas as promessas que fez para atrair os eleitores ultranacionalistas nos dias finais da campanha, abandonando o objetivo de "dois Estados" consolidado em mais de duas décadas de negociações de paz no Oriente Médio, poderia ter consequências de longo alcance, incluindo o aprofundamento das divergências com os Estados Unidos e a Europa.
Em um comunicado, o Likud disse que Netanyahu pretende formar um novo governo dentro de algumas semanas e as negociações já estão em curso com o partido de extrema direita Lar Judaico, pró-colonos, liderado por Naftali Bennett, além do partido centrista Kulanu e grupos ultraortodoxos.
O fundamental será conseguir o apoio do Kulanu, uma dissidência do Likud, liderada pelo ex-ministro das Comunicações Moshe Kahlon, que conquistou 10 cadeiras, fazendo dele o fiel da balança, dada a sua capacidade para se aliar ora com Netanyahu, ora com a oposição de centro-esquerda.
"A realidade não está esperando por nós", disse Netanyahu. "Os cidadãos de Israel esperam que nós formemos rapidamente um grupo de liderança que irá trabalhar para eles no campo da segurança, economia e sociedade, como nós nos comprometemos a fazer, e vamos fazer."
Isaac Herzog, o líder da União Sionista, admitiu a derrota, dizendo que havia telefonado a Netanyahu para felicitá-lo. O mercado de ações Tel Aviv se manteve de modo geral indiferente à vitória de Netanyahu, sem grandes mudanças.
"A indiferença do mercado com os resultados, aparentemente, vem de sua crença de que a coalizão que será formada será mais estável do que a anterior", disse Idan Azoulay, diretor de investimentos da corretora Epsilon.
(Reportagem de Luke Baker, reportagem adicional de Steve Scheer e Ari Rabinovitch)