Por Agnieszka Pikulicka-Wilczewska
VARSÓVIA (Reuters) - Pavel Maryeuski, de 33 anos, era um ativista comprometido com a política pacífica e nunca havia segurado uma arma quando fugiu de Belarus, após a repressão do presidente Alexander Lukashenko aos protestos contra o resultado de uma eleição, três anos atrás.
No ano passado, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, ele sentiu o chamado para a batalha e se juntou a uma unidade de voluntários de Belarus lutando em apoio à Ucrânia na linha de frente.
"Primeiro pensei na Ucrânia, nos ucranianos e na proteção da vida", disse ele à Reuters na Polônia. "Depois pensei em Belarus."
Se a Rússia perder, pode haver mudanças também em Belarus e seus companheiros veteranos do conflito na Ucrânia devem desempenhar um papel importante na luta por seu país.
No terceiro aniversário da eleição que seus seguidores acreditam que ela venceu, a líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tsikhanouskaya, de 40 anos, tem todas as características de um líder à espera: um gabinete no exílio, missões diplomáticas e reuniões regulares com dignitários ocidentais.
Com quase toda a oposição agora na prisão ou no exílio, isso não é pouco. A oposição é diversa e difusa, provavelmente compreendendo alguns milhares das 100.000 pessoas que fugiram do país nos últimos três anos, com políticas que vão do liberalismo ao nacionalismo.
Muitos enfrentarão longas sentenças por acusações criminais à revelia, caso retornem a Belarus. A Reuters conversou com mais de 20 figuras da oposição para avaliar seu humor três anos após a eleição que iniciou a repressão. A maioria vê pouco caminho para uma vitória rápida sobre um líder no poder por quase 30 anos.
Eles estão divididos sobre as táticas, mas estão unidos por sua raiva contra o governo continuado de Lukashenko, a prisão e a tortura de milhares de oponentes e a estreita aliança com a Rússia, que eles dizem negar a soberania de Belarus.
“Conseguimos manter a unidade das forças democráticas e reestruturá-las, ou seja, criar novos órgãos e manter a cooperação entre os atores políticos e as iniciativas cívicas”, disse Tsikhanouskaya à Reuters na semana passada, em entrevista pelo Zoom, direto da Lituânia.
No entanto, um número pequeno, mas crescente, de ativistas, muitos com experiência em combate na Ucrânia, diz que é hora de treinar para uma luta de verdade.
Em uma conferência na Polônia na semana passada, alguns dos maiores aplausos foram para um veterano de combate na Ucrânia, Pavel Kuhta, que fez um discurso inflamado denunciando membros do gabinete exilado de Tsikhanouskaya por não fazerem o suficiente para organizar a resistência armada.
Sergey Kedyshko, de 47 anos, que lidera um grupo de cerca de 200 voluntários bielorrussos que realizam treinamento de combate na Polônia e na Lituânia, concordou com a premissa de que a oposição precisa se preparar para o combate.
"Quando ocorre algum tipo de ação militar, quando é necessário agir com muita rapidez e eficácia, a oposição bielorrussa sempre fica para trás, então estamos perdendo", disse.
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075)) REUTERS FC FDC