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Hamas diz que não abandonou negociações de cessar-fogo após ataques israelenses

Publicado 14.07.2024, 13:25

Por Nidal al-Mughrabi e Maayan Lubell

CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - Uma autoridade sênior do Hamas disse neste domingo que o grupo islâmico não se retirou das negociações de cessar-fogo com Israel depois dos ataques mortais deste fim de semana em Gaza, que Israel disse terem tido como alvo o líder militar do grupo Mohammed Deif.

No entanto, Izzat El-Reshiq, membro do gabinete político do Hamas, acusou Israel de tentar dificultar os esforços dos mediadores árabes e dos Estados Unidos para chegar a um acordo de cessar-fogo, intensificando os seus ataques no enclave.

No sábado, um ataque israelense na área de Khan Younis, em Gaza, deixou pelo menos 90 palestinos mortos, segundo as autoridades de saúde locais. O fato colocou em dúvida as negociações de cessar-fogo.

Nos últimos dias, houve sinais esperançosos de que se chegaria a um acordo para acabar com os combates e devolver os reféns mantidos em Gaza.

Duas fontes de segurança egípcias que fazem parte das negociações de cessar-fogo em Doha e no Cairo disseram no sábado que, depois de três dias de intensas conversas, as discussões foram interrompidas.

Era esperado que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reunisse seu círculo próximo de ministros ainda neste domingo para discutir as negociações.

O ataque de sábado tinha Deif como alvo e matou Rafa Salama, comandante da brigada Khan Younis do Hamas, disseram os militares israelenses no domingo, mas não houve confirmação sobre o destino de Deif.

“O ataque em Khan Younis foi resultado de inteligência cirúrgica”, disse o chefe do serviço de segurança doméstica Shin Bet em vídeo divulgado pelo serviço desde Rafah. Segundo ele, 25 agentes do Hamas que participaram do ataque de 7 de outubro que desencadeou a guerra foram mortos na semana passada.

No sábado, uma autoridade sênior do Hamas negou que Deif tivesse sido morto e o grupo disse que as alegações israelenses visavam justificar o ataque.

Neste domingo, as forças israelenses continuaram os bombardeios aéreos e terrestres contra várias áreas do território costeiro, onde vivem 2,3 milhões de pessoas, a maioria já deslocada pela guerra.

Um ataque a uma escola administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no campo de Nuseirat, um dos oito campos de refugiados da Faixa de Gaza, matou 15 palestinos e feriu dezenas de pessoas, informaram as autoridades de saúde e meios de comunicação do Hamas.

Os militares de Israel disseram que o local foi usado como base para os combatentes do Hamas atacarem as forças israelenses e que várias medidas foram tomadas para reduzir o risco de ferir civis, como por exemplo, o uso de munições precisas e inteligência.

Moradores contaram que dois mísseis atingiram o andar de cima da escola, que fica próxima ao mercado local do campo de refugiados, geralmente ocupado por comerciantes e onde famílias deslocadas também se abrigam.

No início do domingo, ataques aéreos israelenses contra quatro casas na Cidade de Gaza mataram pelo menos 16 palestinos e feriram dezenas de pessoas, disseram médicos.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que, desde o início da guerra em outubro, pelo menos 38.584 palestinos morreram e 88.881 ficaram feridos na ofensiva militar de Israel. O último ataque na Faixa de Gaza deixou 141 palestinos mortos, o maior número de mortos em um dia em muitas semanas.

O Ministério da Saúde de Gaza não faz distinção entre combatentes e não-combatentes, mas as autoridades dizem que a maioria dos mortos durante a guerra foram civis.

Israel perdeu 326 soldados em Gaza e afirma que pelo menos um terço das vítimas palestinas são combatentes.

A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro de 2023 quando um ataque liderado pelo grupo islâmico dentro de Israel matou 1.200 pessoas, a maioria civis, e fez cerca de 250 reféns para Gaza, segundo autoridades israelenses.

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