CAIRO (Reuters) - O Hamas reiterou nesta quinta-feira sua exigência de que Israel acabe com a guerra em Gaza como parte de qualquer acordo para libertar reféns, e disse que não será influenciado por uma declaração conjunta assinada pelos Estados Unidos, o Brasil e outros 16 países fazendo um apelo ao grupo.
O membro sênior do Hamas Sami Abu Zuhri disse à Reuters que os EUA precisam forçar Israel a pôr fim à sua agressão em Gaza. "A bola agora está no campo norte-americano", afirmou.
Estados Unidos, Brasil e outros 16 países divulgaram oficialmente nesta quinta um apelo para que o Hamas liberte todos os seus reféns como um caminho para acabar com a crise na Faixa de Gaza.
"Pedimos a libertação imediata de todos os reféns mantidos pelo Hamas em Gaza há mais de 200 dias", disseram os países na declaração, no que uma autoridade dos EUA chamou de uma extraordinária demonstração de união.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia antecipadoa jornalistas na terça-feira que havia assinado a declaração.
Todos os 18 países têm cidadãos detidos pelo Hamas seis meses depois que o grupo lançou seu ataque de 7 de outubro ao sul de Israel e matou 1.200 pessoas. Acredita-se que os militantes ainda estejam mantendo 129 reféns dos 253 que fizeram inicialmente.
Michel Nisenbaum, de 59 anos, sequestrado pelo Hamas, é um brasileiro que mora em Israel desde a adolescência. Outros três brasileiros foram mortos pelo grupo no dia do ataque.
Os signatários foram Brasil, EUA, Argentina, Áustria, Bulgária, Canadá, Colômbia, Dinamarca, França, Alemanha, Hungria, Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia, Espanha, Tailândia e Reino Unido.
Uma autoridade dos EUA, informando os repórteres sobre a declaração, disse que havia algumas indicações de que poderia haver um caminho para um acordo sobre a crise dos reféns, mas que não estava totalmente confiante.
A autoridade não entrou em detalhes, mas disse que a resolução dependia de "uma pessoa", o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar.
A proposta de reféns apresentada no início deste ano exige a libertação de reféns doentes, idosos e feridos em Gaza em troca de um cessar-fogo de seis semanas que poderia ser estendido para permitir a entrega de mais ajuda humanitária no enclave.
A ideia da declaração conjunta surgiu há cerca de duas semanas, quando o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, reuniu-se com um grupo de familiares de reféns em Gaza, disse a autoridade.
(Por Nidal al-Mughrabi, no Cairo, e Steve Holland e Doina Chiacu, em Washington)