Por Guy Faulconbridge e Michael Holden
WINDSOR, Inglaterra (Reuters) - O príncipe Harry e a norte-americana Meghan casaram-se neste sábado em uma cerimônia deslumbrante que misturou rituais ingleses antigos com a cultura afro-americana diante da realeza britânica, celebridades e da audiência global.
Usando véu, tira de diamantes, um vestido sofisticado com uma longa cauda, Meghan foi levada até o altar na Capela de St George em Windsor pelo pai de Harry, príncipe Charles, antes que ela e Harry trocassem os votos e fossem declarados marido e mulher.
Harry, parecendo nervoso, aparentemente disse: "Obrigado pai" a Charles e "Você está maravilhosa!" à noiva. A mãe de Meghan, Doria Ragland, 61, chorou. O coro gospel cantou o hit dos anos 1960 “Stand by me”, de Ben E. King.
A união de Harry, sexto na linha de sucessão ao trono britânico, com a atriz Meghan, que é divorciada e cuja mãe é afro-americana e o pai é branco, trouxe uma dose de glamour e diversidade à monarquia.
O casal se beijou nos degraus da Capela de St George antes de subir em uma carruagem aberta do século 19 para andarem por Windsor, onde milhares de pessoas aguardavam os agora duque e duquesa de Sussex pelas ruas para ver os recém-casados.
A autoridade local disse que mais de 100 mil pessoas foram a Windsor para o evento, realizado sob céu azul e claro.
Harry e Meghan foram declarados marido e mulher na capela do castelo medieval de Windsor pelo arcebispo de Canterbury Justin Welby.
A união deles traz uma dose de modernidade e glamour de Hollywood à monarquia, refletida em uma cerimônia que combinou modernidade e rituais antigos da casa real.
Embora típica de casamentos reais de várias maneiras, a cerimônia também quebrou com a tradição, em particular quando o bispo episcopal dos Estados Unidos Michael Bruce Curry fez um sermão passional muito longe do tom sóbrio da Igreja da Inglaterra.
“Há poder no amor”, disse ele à congregação que incluía a rainha Elizabeth, membros da realeza e celebridades como a apresentadora Oprah Winfrey, o cantor Elton John e o ex-jogador David Beckham.
“Não subestime isso. Qualquer pessoa que se apaixonou sabe o que eu estou dizendo”, continuou Curry, em um entusiasmado sermão que teve uma citação a Martin Luther King, líder norte-americano pelos direitos civis.
A mãe de Meghan acompanhou a filha até a capela em Rolls Royce antigo e caiu no choro durante vários momentos da cerimônia. Meghan entrou na capela desacompanhada, oferecendo a todos a primeira imagem de seu vestido, criado pela britânica Clare Waight Keller, da francesa Givenchy.
Em mais um rompimento com a tradição, Meghan, de 36 anos, não prometeu obedecer ao marido. Harry, que tem três anos a menos, usará aliança, diferentemente de outros membros da realeza.
SÍMBOLO OU IRRELEVÂNCIA?
Para alguns britânicos, o casamento de um membro da família real com uma divorciada com mãe negra e pai branco encarna o espírito do novo Reino Unido, cuja raça ou o passado não contam como convenções sociais mesmo nas instituições mais tradicionais.
Para outros, contudo, havia irrelevância ou distração do choque que foi o Brexit, que dividiu fortemente o país. Pesquisas sugerem que a maioria dos cidadãos não queria sintonizar a TV para assistir à cerimônia.
Mas em Windsor, 20 quilômetros a oeste de Londres, dezenas de milhares de pessoas se aglomeraram na esplanada que levava ao castelo, empunhando bandeiras britânicas e gritando.
Entre as celebridades que foram à cerimônia, estavam o ator norte-americano George Clooney e sua mulher, Amal. Estavam também a jogadora de tênis Serena Williams, o ator britânico Idris Elba e duas ex-namoradas de Harry.
A presença de Elton John foi especialmente notada, pois ele cantou no funeral da mãe de Harry, Diana, em 1997. A capela estava enfeitada com rosas brancas, a flor predileta da mãe do noivo.
AMOR EM UMA BARRACA
O casal, que se conheceu em um encontro às cegas em 2016 e se apaixonou em uma barraca sob as estrelas de Botsuana, fez os votos em um castelo que foi lar de 39 monarcas britânicos desde 1066.
O pai de Meghan, Thomas, ex-diretor de iluminação para programas de TV, anunciou nesta semana que não participaria da cerimônia. Ele disse ao site norte-americano TMZ que passou por uma cirurgia cardíaca na quarta-feira.
Após assistir à cerimônia pela TV na Califórnia, ele disse ao TMZ estar “emotivo e extasiado”. “Minha boneca está linda e parece muito feliz. Queria estar lá e desejo a eles todo o amor e felicidade”, afirmou.
A recepção foi realizada no hall do castelo St George, antes que 200 pessoas se juntassem ao casal na mansão Frogmore House.
Os britânicos continuam apoiando a monarquia, embora com um senso de ironia sobre a pompa e a ostentação que lhe são características. Há respeito pela Rainha Elizabeth, há 66 anos no trono.
Harry, seu irmão William e sua cunhada, Kate, são os principais expoentes dos esforços para modernizar a monarquia, e fazem isso falando abertamente sobre seus sentimentos.
(Reportagem adicional de Cassandra Garrison, Estelle Shirbon, Emma Rumney, Andrew MacAskill, Marie-Louise Gumuchian e Costas Pitas)