MADRI (Reuters) - A Igreja Católica da Espanha pediu desculpas às vítimas de abuso sexual por parte de padres, nesta terça-feira, mas questionou a precisão de uma nova pesquisa que sugeriu que esse tipo de abuso era muito mais difundido em todo o país do que as investigações anteriores mostraram.
A pesquisa, divulgada na sexta-feira em um relatório do ombudsman de direitos humanos da Espanha, constatou que 0,6% de uma amostra de pouco mais de 8.000 entrevistados disseram ter sofrido abuso, aumentando para 1,1% ao incluir leigos, como professores de escolas católicas.
A Conferência Episcopal Espanhola, após uma reunião extraordinária, expressou sua "dor pelos danos causados por alguns membros da Igreja com os abusos sexuais e reiterou seu pedido de perdão às vítimas".
A Igreja enfrentou escândalos de abuso sexual em vários países, incluindo Estados Unidos, Irlanda e França, nas últimas décadas. Mas a questão só veio à tona para debate público na Espanha, onde quase 60% das pessoas se descrevem como católicas, após uma investigação histórica da mídia em 2021.
A Conferência, que o ombudsman criticou por não cooperar mais plenamente com a investigação, disse que não sabia como a pesquisa foi realizada ou quais perguntas foram feitas.
"Ou seja, há uma opacidade, opacidade para chegar a uma conclusão que não é lógica, não a vemos como lógica", disse o presidente da Conferência, cardeal Juan Jose Omella, aos repórteres.
Os resultados da pesquisa sugerem que mais de um em cada 200 espanhóis pode ter sido vítima de abuso.
O ombudsman disse que, embora essa extrapolação possa não ser exata, as porcentagens deram uma ideia "do que isso pode significar em termos de abuso geral".
Uma investigação interna da Igreja publicada em junho identificou 728 supostos abusadores sexuais entre o clero da Espanha e 927 vítimas desde a década de 1940. Isso se seguiu a uma reportagem de 2021 do jornal El Pais, que identificou mais de 1.200 supostos casos.
O relatório do ombudsman também solicitou a criação de um fundo estatal para indenizar as vítimas.
(Reportagem de Emma Pinedo e Inti Landauro)