Por Sanjeev Miglani
NOVA DÉLHI (Reuters) - Indianos queimaram retratos do presidente chinês, Xi Jinping, nesta quinta-feira, quando famílias cremaram os restos mortais de alguns dos 20 soldados mortos em combates corpo a corpo brutais com tropas da China em uma região montanhosa de fronteira em disputa.
Tropas permaneceram em estado de alerta no Vale (SA:VALE3) de Galwan, situado na região de Ladakh, no oeste dos Himalaias, três dias depois do conflito, no qual a Índia disse que a China também sofreu baixas. A China não deu detalhes de mortos ou feridos entre seus soldados.
O ministro das Relações Exteriores indiano, Subrahmanyam Jaishankar, conversou com o diplomata chinês graduado Wang Yi na quarta-feira, e os dois lados concordaram em não adotar nenhuma medida que agrave a situação, preferindo garantir a paz e a estabilidade na divisa contestada.
Uma autoridade indiana disse que militares de alta patente dos dois lados estavam conversando nesta quinta-feira para apaziguar as tensões. As conversas ainda estão em andamento, acrescentou.
Mas Jaishankar e Wang Yi trocaram acusações sobre o confronto mais mortífero na fronteira desde 1967 e pediram que o outro lado contenha suas tropas.
"A necessidade atual é de o lado chinês reavaliar sua ação e adotar uma ação corretiva", disse Jaishankar a Wang, segundo citação da chancelaria indiana.
O diplomata chinês disse que a Índia precisa punir os responsáveis pelo conflito e controlar suas tropas na linha de frente, disse por sua vez a chancelaria chinesa.
Grupos nacionalistas extremistas ligados ao partido Bharatiya Janata do primeiro-ministro, Narendra Modi, intensificaram os pedidos de boicote a produtos chineses e o cancelamento de contratos com empresas do país asiático.
A chinesa Oppo cancelou o lançamento virtual ao vivo do smartphone que é seu carro-chefe na Índia.
Dezenas de pessoas bradaram "Vitória à Mãe Índia" quando o corpo do coronel B. Santosh Babu, o agente indiano mais graduado a perecer no confronto, foi levado em um caminhão militar coberto de flores para sua cidade-natal de Suryapet, no sul da Índia.
Os funerais de outros soldados também acontecerão em suas cidades e vilarejos natais.
Os moradores da cidade de Kanpur, no norte, simularam um funeral de Xi e queimaram seu retrato, bradando slogans anti-China. Em Cuttack, no leste indiano, uma efígie de Xi e uma bandeira chinesa foram incendiados.