(Reuters) - Inundações repentinas e um deslizamento de terra na região central do Quênia mataram pelo menos 45 pessoas e feriram mais de 110 outras nesta segunda-feira, arrastando casas e carros na cidade de Mai Mahiu, informou o governo.
Inicialmente, a polícia atribuiu a inundação ao rompimento de uma barragem, mas o Ministério da Água informou posteriormente que ela foi causada pelo bloqueio de um túnel sob um aterro ferroviário que havia canalizado a água por baixo dos trilhos. Segundo a pasta, o fluxo foi interrompido por detritos.
"A água (finalmente) varreu a linha férrea e começou a se mover rio abaixo com uma velocidade muito alta, causando destruição de propriedades e perda de vidas", disse o ministério. Dois moradores locais confirmaram o relato do Ministério da Água.
"Enquanto 45 corpos já foram recuperados ao longo do caminho das inundações repentinas e do deslizamento de terra, a busca, o resgate e a recuperação estão em andamento", disse o ministro do Interior, Kithure Kindiki, em um comunicado.
Imagens mostram uma grande seção de trilhos de trem, aterros e árvores arrastados pela encosta. Horas após a chuva diminuir e as águas da enchente começarem a recuar, moradores locais retiravam motocicletas e pertences domésticos da lama.
Joel Kuria, um fazendeiro, foi acordado por gritos e pelo tremor da casa que divide com a esposa e dois filhos.
"Estava muito escuro, mas conseguimos sair de casa a tempo, antes que as águas levassem tudo, inclusive nosso gado", disse ele à Reuters, acampado no centro da cidade.
"O barulho era assustador e foi agravado pelos gritos das vítimas que estavam sendo arrastadas rio abaixo."
Essas mortes levam para mais de 140 o total de mortos no Quênia devido às fortes chuvas e enchentes desde o mês passado. Mais de 185.000 pessoas foram deslocadas, segundo dados do governo.
Somente na capital Nairóbi, cerca de 10.000 pessoas tiveram que deixar suas casas, disse o presidente William Ruto em uma entrevista à Reuters, referindo-se aos afetados como vítimas da mudança climática.
O ministro das Estradas e Transportes, Kipchumba Murkomen, disse a jornalistas temer que a contagem de mortos aumente.
Outras dezenas foram mortas e centenas de milhares ficaram desabrigadas por chuvas intensas em outros países do leste da África, como Tanzânia e Burundi.
A África Oriental foi atingida por enchentes recordes durante a última estação de chuvas, no fim de 2023. Cientistas dizem que as mudanças climáticas estão causando eventos extremos mais intensos e frequentes.
Uma passagem subterrânea no aeroporto internacional da capital, Nairóbi, foi inundada e as represas hidrelétricas ficaram lotadas, informou um porta-voz do governo.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, lamentou a perda de vidas e os danos causados pelas inundações repentinas em várias regiões do Quênia, disse seu porta-voz em comunicado.
(Reportagem da redação de Nairóbi, Duncan Miriri, Hereward Holland e Michelle Nichols)