Por Francois Murphy e John Irish
VIENA (Reuters) - O Irã quer que as potências europeias lhe apresentem medidas para compensar o país pela decisão dos Estados Unidos de abandonar o acordo nuclear de 2015 até o fim de maio, disse uma autoridade de alto escalão nesta sexta-feira, e Teerã decidirá dentro de semanas se sai ou não do acordo.
O pacto firmado em 2015 pelo Irã e potências mundiais suspendeu sanções internacionais contra Teerã, e em troca o regime concordou em limitar seu programa nuclear.
Desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou seu país do pacto no mês passado, Estados europeus vêm tentando encontrar uma maneira de fazer com que o Irã continue desfrutando dos benefícios econômicos para persuadi-lo a se manter filiado – o que tem se mostrado difícil, já que as empresas europeias querem evitar as sanções norte-americanas.
Os países que continuam no acordo – Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha – começaram a se reunir nesta sexta-feira pela primeira vez desde que Trump rompeu com o pacto, mas diplomatas veem pouca margem de manobra para salvá-lo. Suas autoridades tentarão fortalecer uma estratégia com o vice-ministro das Relações Exteriores iraniano para salvar o acordo poupando o petróleo e os investimentos.
"Para ser sincero com vocês, não estamos confiantes", disse um funcionário iraniano graduado aos repórteres nesta sexta-feira antes das conversas.
Líderes da União Europeia se uniram em torno do acordo e Bruxelas está elaborando medidas, entre elas proibir empresas radicadas na UE de obedeceram às sanções reimpostas pelos EUA e exortar governos a fazerem transferências de dinheiro para o Banco Central do Irã para evitar multas.
"Esperamos que o pacote (econômico) nos seja entregue até o fim de maio", disse o funcionário iraniano. "Lamento dizer que ainda não (vimos) um plano B. O plano B mal começou a ser elaborado".
Segundo ele, as medidas europeias precisam garantir que as exportações de petróleo não sofram interrupção e que sua nação continue tendo acesso ao sistema de mensagens de pagamentos internacionais Swift.
Washington não só reativou sanções, mas começou a endurecê-las. Na segunda-feira o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ameaçou impor "as sanções mais fortes da história" contra o Irã se este não mudar seu comportamento no Oriente Médio.
"Pompeo foi como tomar uma ducha de água fria", disse um diplomata europeu. "Tentaremos nos ater ao pacto, mas... não temos ilusões".