Por Francois Murphy
VIENA (Reuters) - O Irã continua cumprindo os termos de seu acordo nuclear com potências mundiais apesar da saída dos Estados Unidos, mas poderia ser mais rápido e mais proativo em permitir inspeções de surpresa, informou nesta quinta-feira a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da Organização das Nações Unidas que monitora o acordo.
Em seu primeiro relatório desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a saída de Washington do acordo em 8 de maio, a AIEA informou que o Irã permanece dentro dos limites do nível no qual pode enriquecer urânio, de seu estoque de urânio enriquecido e de outros itens.
Mas a AIEA pareceu repreender o Irã por agir com lentidão nas chamadas inspeções de “acesso complementar” sob Protocolo Adicional da agência, que o Irã está implementando sob o acordo. Tais inspeções são frequentemente realizadas com aviso com pouca antecedência.
“A agência ... realizou acessos complementares sob o Protocolo Adicional para todas as instalações e os locais no Irã que precisava visitar”, informou a AIEA em relatório confidencial que foi enviado para seus Estados membros e foi obtido pela Reuters.
“Cooperação feita a tempo e proativa do Irã em fornecer tal acesso iria facilitar implementação do Protocolo Adicional e aumentar confiança”, informou.
O relatório foi apresentado com a França, o Reino Unido e a Alemanha lutando para preservar o ponto central do acordo de alívio de sanções em troca de restrições das atividades atômicas de Teerã. Trump está reimpondo sanções norte-americanas contra Teerã, ameaçando afundar o acordo e gerar retaliação iraniana.
A AIEA tem repetidamente defendido o acordo, dizendo ter criado “o regime de verificação mais robusto do mundo”.
Diplomatas que seguem a agência disseram que uma inspeção no mês passado foi feita no último minuto, mas um diplomata sênior também familiar ao trabalho da AIEA disse nesta quinta-feira que o relatório não está responsabilizando o Irã.