Por Crispian Balmer
ROMA (Reuters) - O Irã cumprirá integralmente um acordo de 2015 concebido para impedi-lo de desenvolver armas nucleares se tanto os Estados Unidos quanto a Europa honrarem seus compromissos originais, disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, nesta quinta-feira.
O presidente norte-americano, Donald Trump, retirou seu país do pacto em 2018, dizendo que ele não basta para conter os programas nuclear e balístico do Irã ou sua influência militante no Oriente Médio.
Mas o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, disse que retomará o acordo se Teerã primeiramente voltar a obedecê-lo rigorosamente. Ele disse ainda que trabalhará com aliados para "reforçá-lo e ampliá-lo".
Falando a uma conferência em Roma via videochamada, Zarif disse que o chamado Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) não pode ser renegociado, mas pode ser ressuscitado.
"Os Estados Unidos têm compromissos. Não estão em posição de estabelecer condições", disse.
Na quarta-feira, o Conselho dos Guardiães do Irã, uma agência reguladora local, aprovou uma lei que obriga o governo a suspender inspeções da Organização das Nações Unidas (ONU) em suas instalações nucleares e acelerar seu enriquecimento de urânio além do limite estabelecido pelo pacto de 2015 se as sanções não forem amenizadas dentro de dois meses.
Zarif disse que, embora o governo não tenha gostado da lei, irá implantá-la.
"Mas não é irreversível", observou. "Os europeus e os EUA podem voltar a cumprir o JCPOA, e não somente esta lei não será implantada, mas de fato as ações que adotamos... serão rescindidas. Voltaremos ao cumprimento integral."
O chanceler disse que as sanções econômicas impostas pelo governo Trump já custaram 250 bilhões de dólares aos iranianos e tornaram impossível comprar remédios e vacinas para combater o coronavírus, que está impondo um fardo particularmente pesado ao seu país.
"É um crime contra a humanidade", afirmou, acrescentando que as medidas norte-americanas estão impedindo que empresas europeias façam negócios com o Irã, o que acaba com a esperança de um grande fomento no comércio desde que o acordo de 2015 foi assinado.
"Os europeus dizem que estão cumprindo integralmente (o acordo), mas eles simplesmente não estão... não vemos nenhuma empresa europeia no Irã, não vemos nenhum país europeu comprando petróleo do Irã, não vemos nenhum banco europeu nos enviar nosso dinheiro."
(Reportagem adicional de Parisa Hafezi)