DUBAI/BAGDÁ (Reuters) - Dezenas de milhares de iranianos comemoraram o "Dia de Quds (Jerusalém)" na República Islâmica, nesta sexta-feira, e rejeitaram um plano de paz para o Oriente Médio que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alardeou como o "acordo do século".
A televisão estatal disse que marchas patrocinadas pelo Estado estavam acontecendo em 950 comunidades de todo o Irã e mostrou manifestantes com cartazes com slogans como "Jerusalém é a capital eterna da Palestina" e "Morte à América".
O plano de Trump é incentivar investimentos de países árabes doadores na Cisjordânia e na Faixa de Gaza antes de abordar as questões políticas que estão no cerne do conflito. Autoridades palestinas já repudiaram a proposta, acreditando que privilegiará Israel. O Irã disse que o acordo vai fracassar.
"Não ao acordo do século", dizia um cartaz exibido na tela do noticiário da TV estatal iraniana, que também mostrou uma marcha do Dia de Quds em Bagdá, capital do vizinho Iraque, onde milhares de combatentes das poderosas milícias xiitas foram às ruas.
"O Dia Al-Quds em Bagdá, em outras províncias iraquianas e em todo o mundo expressa rejeição ao 'acordo do século', que está sendo planejado por Trump para dissolver a causa palestina à sua maneira", disse Mo'een al-Kathem, membro do conselho provincial de Bagdá.
Combatentes iraquianos marcharam em uniforme de combate, mas estavam desarmados e não exibiram veículos militares ou armamentos pesados, em um contraste com anos anteriores, em que usaram a manifestação como uma oportunidade para mostrar sua prontidão de combate.
Os números foram condizentes com o comparecimento anual, mas chamou a atenção a ausência de líderes influentes que normalmente marcam a ocasião com discursos incendiários contra Israel e expressões de gratidão ao Irã por seu apoio.
O Dia de Quds foi instituído pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da Revolução Islâmica de 1979 no Irã, e é realizado na última sexta-feira do Ramadã, mês muçulmano de jejum.
A oposição a Israel é um pilar do Irã, que apoia grupos militantes islâmicos palestinos e libaneses contrários à paz com o Estado judeu, que Teerã se recusa a reconhecer.
(Reportagem Redação Dubai e Ahmed Aboulenein, em Bagdá)