BAGDÁ (Reuters) - O Iraque solicitou que uma missão de assistência da Organização das Nações Unidas (ONU), criada após a invasão do país liderada pelos Estados Unidos em 2003, encerre sua operação até o final de 2025, dizendo que não é mais necessária porque o Iraque fez progressos significativos em direção à estabilidade.
A missão, com sede na fortemente fortificada Zona Verde de Bagdá, foi criada com um amplo mandato para ajudar a desenvolver as instituições iraquianas, apoiar o diálogo político e as eleições e promover os direitos humanos.
O primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, disse que o Iraque deseja aprofundar a cooperação com outras organizações da ONU, mas que não há mais necessidade do trabalho da missão de assistência, conhecida como Unami, na sigla em inglês.
O chefe da missão no Iraque frequentemente se desloca entre as principais autoridades políticas, judiciais e de segurança em um trabalho que os apoiadores consideram importante para a prevenção e resolução de conflitos, mas que os críticos frequentemente descrevem como interferência.
"O Iraque conseguiu dar passos importantes em muitos campos, especialmente aqueles que estão sob o mandato da Unami", disse Sudani em uma carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres.
Desde 2023, o governo iraquiano decidiu encerrar várias missões internacionais, incluindo a coalizão liderada pelos EUA criada em 2014 para combater o Estado Islâmico e a missão da ONU estabelecida para ajudar a promover a responsabilização pelos crimes do grupo jihadista.
As autoridades iraquianas afirmam que o país percorreu um longo caminho desde o derramamento de sangue sectário após a invasão liderada pelos EUA e a tentativa do Estado Islâmico de estabelecer um califado, e que não precisa mais de tanta ajuda internacional.
Alguns críticos se preocupam com a estabilidade da jovem democracia, devido aos conflitos recorrentes e à presença de muitos grupos político-militares fortemente armados que frequentemente se enfrentam nas ruas, mais recentemente em 2022.
Alguns diplomatas e autoridades da ONU também se preocupam com os direitos humanos e a responsabilidade em um país que frequentemente está entre os mais corruptos do mundo e onde os ativistas dizem que a liberdade de expressão tem sido restringida nos últimos anos.
O governo do Iraque afirma que está trabalhando para combater a corrupção e nega que haja menos espaço para a liberdade de expressão.
(Por Timour Azhari)