Por Padraic Halpin e Graham Fahy
DUBLIN (Reuters) - Eleitores irlandeses formaram longas filas nas zonas eleitorais nesta sexta-feira para votar em um referendo sobre o aborto que pode ser um marco de uma trajetória de mudanças em um país que, só duas décadas atrás, era um dos mais conservadores da Europa em questões sociais.
Pesquisas indicam que os eleitores devem reverter uma das proibições mais rígidas do mundo à interrupção da gravidez. Analistas dizem que um comparecimento alto, especialmente em áreas urbanas, provavelmente favorecerá a vitória do "Sim".
O eleitorado da nação antes profundamente católica está sendo indagado se quer descartar uma proibição que foi introduzida na Constituição por meio de um referendo 35 anos atrás, e que foi revertida parcialmente em 2013 para casos nos quais a mãe corre risco de morte.
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, que votou "Sim" em sua seção eleitoral em Castleknock, um subúrbio de Dublin, depois da abertura das urnas às 7h (horário local), classificou o referendo como uma chance que ocorre "uma vez por geração".
"Acho que esta questão é importante porque se passaram 35 anos desde que alguém teve a escolha de votar a respeito", opinou Sophie O'Gara, de 28 anos, que votou "Sim".
"Muitas mulheres viajaram por toda a Inglaterra para conseguir cuidar de suas famílias e ter cuidados de saúde, e acho que isso é uma vergonha e que tem que mudar", disse, referindo-se às mulheres que foram ao Reino Unido para fazer abortos.
A Irlanda vem mudando rápido. O país legalizou o divórcio por uma maioria estreita só em 1995, mas três anos atrás se tornou o primeiro do mundo a aprovar o casamento gay por votação popular – mas nenhum tema social divide tanto seus 4,8 milhões de habitantes como o aborto.