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Irã e potências alcançam acordo preliminar sobre programa nuclear

Publicado 02.04.2015, 18:59
© Reuters. Chanceler iraniano, Javad Zarif, fala à imprensa na Suíça

Por Louis Charbonneau e Stephanie Nebehay

LAUSANNE, Suíça (Reuters) - O Irã e seis potências chegaram nesta quinta-feira a um acordo preliminar para deter o programa nuclear iraniano por pelo menos uma década depois de oito dias de uma maratona de reuniões na Suíça.

O entendimento abre caminho para conversas sobre um futuro pacto mais abrangente que deve apaziguar os temores ocidentais de que o Irã almejava construir uma bomba atômica e, em troca, levar à suspensão das sanções econômicas contra a República Islâmica.

O acordo prevê alcançar um pacto mais abrangente até 30 de Junho e todas as sanções contra o Irã permanecem em vigor até que um acordo final seja alcançado, depois de um impasse nuclear de 12 anos entre Teerã e as grandes potências.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse em pronunciamento que o desfecho é um bom acordo, comparando-o com os pactos de controle de armas nucleares firmados por seus antecessores com a União Soviética, que "tornaram nosso mundo mais seguro" durante a Guerra Fria.

"Hoje, os Estados Unidos, juntamente com nossos aliados e parceiros, chegaram a um acordo histórico com o Irã que, se totalmente implementado, irá evitar que o país obtenha uma arma nuclear", declarou Obama.

Segundo o acordo delineado, Teerã irá desligar mais de dois terços de suas centrífugas, que produzem urânio que poderia ser usado para fazer uma bomba, desmantelar um reator que poderia gerar plutônio e aceitar inspeções mais minuciosas.

"Hoje, demos um passo decisivo, criamos parâmetros", declarou a chefe de Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini, em entrevista coletiva. "A determinação política, a boa vontade de todas as partes tornaram isso possível."

"Esta é uma decisão crucial, estabelecer a base acordada para o texto final de um plano de ação conjunto abrangente. Agora podemos começar a elaborar o texto e os anexos", detalhou Mogherini, que atuou como coordenadora das seis potências: Estados Unidos, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e China.

CAUTELA IRANIANA

O acordo, fortemente rejeitado por Israel, aliado dos EUA, inclui limite de 10 anos ao enriquecimento de urânio iraniano.

O chanceler do Irã, Javad Zarif, expressou cautela: "Ainda estamos um pouco distantes de chegar onde queremos estar."

O Irã concordou em reduzir de forma significativa o número de centrífugas de enriquecimento de urânio instaladas, mantendo apenas 6 mil das 19 mil que possui, além de apenas operar 5.060 sob um futuro acordo com as seis potências, de acordo com um documento norte-americano. O Irã usará apenas as centrífugas de primeira geração durante esse tempo.

Um dos pontos mais sensíveis durante as negociações, as pesquisas e as atividades de desenvolvimento do Irã também serão limitados.

"O Irã concordou em não fazer pesquisas e desenvolvimento associados ao enriquecimento de urânio na usina de Fordow por 15 anos", afirmou o documento norte-americano, acrescentando que o Irã retirará mais 1.000 centrífugas avançadas de segunda geração atualmente instaladas na usina de Natanz para colocá-las num armazém de monitoramento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por 10 anos.

Países ocidentais dizem que o urânio enriquecido pode ser usado para fazer uma arma, o que pretendem evitar. O Irã sempre insistiu que quer apenas manter um programa pacífico de energia nuclear e nega que teve como objetivo construir uma bomba atômica.

O tempo que levaria para o Irã adquirir material físsil suficiente para uma arma seria estendido a pelo menos um ano, durante um período de 10 anos no âmbito deste acordo. Atualmente, leva de dois a três meses, segundo o documento norte-americano.

O Irã vai gradualmente receber alívio das sanções dos EUA e da União Europeia se demonstrar o cumprimento dos compromissos sob o futuro acordo global, que o Irã e as potências pretendem concluir até 30 de junho.

O não cumprimento dos termos do acordo fará com que essas sanções voltem a ser impostas.

O acordo encerrou oito dias de conversas, que se estenderam para além do prazo da meia-noite de 31 de março para que se tentasse obter um pacto político.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse a repórteres que muitos detalhes técnicos ainda precisam ser trabalhados, incluindo o eventual levantamento de um embargo de armas da Organização das Nações Unidas (ONU) e a modernização do reator de água pesada de Arak e instalações subterrâneas de Fordow.

"O entendimento político com os detalhes que chegamos é uma base sólida para o bom acordo que estamos buscando", declarou ele.

O presidente da França, François Hollande, elogiou o acordo preliminar, mas disse: "A França estará atenta, como sempre está em sintonia com os seus parceiros, para garantir que um acordo credível e verificável seja alcançado sobre o qual a comunidade internacional possa ter certeza de que o Irã não estará em condições de ter acesso a armas nucleares."

O governo britânico declarou que as negociações foram "extremamente difíceis". O detalhe final de um eventual acordo seria muito importante, em especial sobre as medidas de supervisão, disse o secretário de Relações Exteriores, Philip Hammond, em comunicado.

"Isso está muito além do que muitos de nós pensávamos que seria possível até mesmo há 18 meses e uma boa base para o que eu acredito que possa ser um acordo muito bom. Mas ainda há mais trabalho a fazer", disse ele.

Israel, no entanto, rejeitou o acordo dizendo que está "distante de uma realidade miserável" e disse que vai continuar fazendo esforços junto às potências mundiais contra um mau acordo final.

As negociações foram a maior oportunidade para a aproximação entre Washington e Teerã desde que se tornaram inimigos depois da revolução iraniana de 1979, mas qualquer acordo enfrenta ceticismo dos conservadores em ambos os países. Aliados dos EUA no Oriente Médio também são céticos, incluindo a Arábia Saudita.

Zarif afirmou que os outros aspectos das relações entre Irã e EUA nada têm a ver com o acordo.

"Esta foi uma tentativa de resolver a questão nuclear... temos diferenças sérias com os Estados Unidos", disse.

"Alimentamos a desconfiança mútua no passado... então o que espero é que, através da implementação corajosa disto, parte dessa desconfiança possa ser remediada. Mas isso todos teremos que esperar para ver."

© Reuters. Chanceler iraniano, Javad Zarif, fala à imprensa na Suíça

Kerry disse que os EUA permanecem seriamente preocupados com as atividades desestabilizadoras do Irã na região.

As sanções norte-americanas contra o Irã relacionadas "ao terrorismo, às violações dos direitos humanos e aos mísseis balísticos vão permanecer em vigor" no âmbito do futuro acordo nuclear.

(Reportagem adicional de John Irish e Parisa Hafezi, em Lausanne; e de Patricia Zengerle, em Washington)

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