VIENA (Reuters) - Irã, Estados Unidos e outras grandes forças mundiais não tiveram grande evolução neste sábado nas discussões a respeito do impasse no acordo de energia nuclear, que significaria diminuir as sanções do Ocidente ao Irã em troca de restrições ao projeto atômico iraniano.
Teerã e seis grandes forças mundiais terão até a segunda-feira para chegar a um acordo nuclear, no que será a terceira extensão do prazo em duas semanas, já que a delegação iraniana acusa o Ocidente de colocar mais pedras no caminho para dificultar o entendimento definitivo entre eles.
Entre os principais pontos problemáticos no momento está a insistência do Irã de que o embargo de armas ao país via Conselho de Segurança da ONU e o banimento do projeto de mísseis balísticos iraniano, datado de 2006, sejam imediatamente revogados caso o acordo nuclear seja assinado.
A Rússia, que ainda vende armas ao Irã, tem publicamente mostrado apoio ao Teerã a respeito deste ponto.
No entanto, um importante diplomata do Ocidente disse no início da semana que as seis forças mundiais (EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Rússia e China) permaneceriam unidas a respeito deste ponto crucial, embora seja de conhecimento público e notório que Moscou e Pequim não apoiam os embargos.
As forças do Ocidente suspeitam há muito tempo que o Irã esteja tentando construir bombas nucleares e, para isso, usando seu projeto atômico civil como disfarce para a causa --uma acusação que Teerã rechaça com veemência.
"Ainda temos pendências a resolver", disse o Secretário de Estado norte-americano John Kerry em sua conta no Twitter depois de se encontrar com o Ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif.
Os dois se encontraram praticamente todos os dias desde que Kerry chegou a Viena há duas semanas. O objetivo da viagem é colocar um ponto final no processo de negociação que já se arrasta há mais de um ano e meio a fim de assegurar um acordo de longo prazo com os iranianos.
Também esteve presente na reunião deste sábado a Alta Representante da União Europeia para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini. Kerry também se encontrou com o Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. A delegação norte-americana não disponibilizou a ata da reunião deste sábado.
Kerry havia dito no fim da sexta-feira que a atmosfera para as discussões eram construtivas.
"Algumas diferenças foram sanadas... É seguro dizer que nós fizemos algum progresso", disse, sem fornecer detalhes.
Um acordo seria o maior passo já dado em direção à reaproximação entre Irã e o Ocidente desde a Revolução Islâmica de 1979.
Mas as negociações atolaram, com diplomatas citando que houve uma discussão aos berros entre Kerry e Zarif.
(Por Louis Charbonneau, Parisa Hafezi, John Irish, Arshad Mohammed, Shadia Nasralla)