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Por Alexander Cornwell e Nidal al-Mughrabi
JERUSALÉM/CAIRO (Reuters) - Israel lançou uma série de ataques em Gaza neste domingo e anunciou a interrupção da entrada de ajuda humanitária em resposta a investidas contra suas forças que deixaram dois soldados mortos, no mais recente e grave teste ao cessar-fogo deste mês mediado pelos Estados Unidos.
Moradores de Gaza e autoridades de saúde locais disseram que ataques aéreos israelenses e disparos de tanques no enclave mataram ao menos 18 pessoas, incluindo uma mulher.
O Exército israelense disse que atingiu alvos do Hamas em todo o enclave, incluindo comandantes de campo, atiradores, um túnel e depósitos de armas, após os militantes lançarem um míssil antitanque e dispararem contra as tropas, matando os soldados.
Pelo menos um dos ataques israelenses atingiu uma antiga escola que abrigava pessoas desalojadas na área de Nuseirat, disseram os moradores.
O braço armado do Hamas disse que continua comprometido com o acordo de cessar-fogo, que não tinha conhecimento dos confrontos em Rafah e que não tem contato com os grupos de lá desde março.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que deu ordens ao Exército para responder com força ao que descreveu como violações do cessar-fogo por parte do Hamas. Segundo as Forças Armadas, militantes na área sul de Rafah lançaram um míssil antitanque e dispararam contra seus soldados.
OBSTÁCULOS
Uma autoridade israelense de Segurança disse que a transferência de ajuda humanitária para Gaza foi interrompida até segunda ordem, após o que descreveu como uma violação flagrante do acordo de cessar-fogo por parte do Hamas.
A imprensa israelense, no entanto, informou que o fluxo de ajuda seria retomado na segunda-feira, após pressão dos Estados Unidos. A Axios afirmou, citando uma autoridade norte-americana, que Washington foi avisada por Israel que será reaberta uma passagem para Gaza na manhã de segunda-feira.
Sob o temor de um colapso da trégua, alguns palestinos correram para comprar produtos em um mercado principal no campo de Nuseirat e famílias deixaram suas casas em Khan Younis, mais ao sul, depois de ataques aéreos atingirem as proximidades.
Os ataques lembram a resposta de Israel ao que considerou graves violações de seu cessar-fogo com o Hezbollah libanês, aliado do Hamas, no final de 2024 -- acordo de trégua que se manteve em grande parte desde então.
Mas obstáculos formidáveis permanecem no caminho de uma paz duradoura em Gaza, onde um cessar-fogo fracassou em março, após quase dois meses de relativa calma.
O novo cessar-fogo entrou em vigor em 11 de outubro, interrompendo dois anos de guerra, mas o governo israelense e o Hamas vêm há dias acusando um ao outro de violações.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, disse que a "linha amarela", para onde as forças israelenses haviam recuado sob o acordo de cessar-fogo, será fisicamente demarcada e que qualquer violação do cessar-fogo ou tentativa de cruzar a linha será recebida com fogo.
PASSAGEM DE RAFAH
O Hamas detalhou o que disse ser uma série de violações por parte de Israel que, segundo ele, deixaram 46 pessoas mortas e impediram a chegada de suprimentos essenciais ao enclave.
No sábado, Israel disse que a passagem de fronteira de Rafah entre Gaza e o Egito vai permanecer fechada e que sua reabertura depende de o Hamas cumprir suas obrigações sob o cessar-fogo.
Israel acusa o grupo de lentidão na entrega dos corpos dos reféns mortos. Na semana passada, o Hamas libertou todos os 20 reféns vivos em seu poder e, nos dias seguintes, entregou 12 dos 28 reféns mortos.
O grupo diz que não tem interesse em manter os corpos dos reféns restantes e que é necessário equipamento especial para recuperar aqueles soterrados sob os escombros.
A passagem de Rafah está praticamente fechada desde maio de 2024. O acordo de cessar-fogo também inclui o aumento da chegada de ajuda humanitária a Gaza, onde centenas de milhares de pessoas são afetadas pela fome extrema, de acordo com o monitor global de fome IPC.
Em tréguas anteriores, a passagem funcionou como um canal importante para o fluxo de ajuda humanitária para o enclave.
Embora o fluxo de ajuda por meio de outra passagem tenha aumentado significativamente desde o início do cessar-fogo, as Nações Unidas afirmam que é necessário muito mais.
Ainda há questões-chave a serem resolvidas nas negociações: o desarmamento do Hamas, o futuro governo de Gaza, a composição de uma "força de estabilização" internacional e os movimentos em direção à criação de um Estado palestino.
(Reportagem de Nidal Al-Mughrabi, Maayan Lubell, Jaidaa Taha, Muhammad Al Gebaly, Alexander Cornwell e Steven Scheer)