Lula intensifica medidas para a classe média mirando 2026

Publicado 19.10.2025, 20:10
© Reuters Lula intensifica medidas para a classe média mirando 2026

De olho no eleitorado que mais reprova sua gestão, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou em 2025 um pacote de medidas para aliviar o custo de vida e ampliar o acesso ao crédito da classe média.

A estratégia ficou mais clara em outubro, com o lançamento de novos programas habitacionais e de financiamento para quem estava entre o teto do Minha Casa, Minha Vida e as altas taxas de juros do mercado –famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 20 mil:

  • Novo crédito imobiliário: Lula lançou um novo modelo de crédito imobiliário, focado na classe média-alta (renda de R$ 12 mil a R$ 20 mil). A medida eleva o teto do imóvel financiado para R$ 2,25 milhões e limita os juros a 12% ao ano;
  • Reforma Casa Brasil: Na esteira do pacote habitacional, o governo anunciou um programa de R$ 40 bilhões para crédito de reformas, com uma fatia de R$ 10 bilhões destinada a famílias com renda acima de R$ 9.600.

Para fazer projeções econômicas e realizar programas sociais, o governo usa o marcador da Renda Domiciliar Total: a soma de todos os rendimentos que entram na residência, incluindo salários, aposentadorias e aluguéis. Esse valor indica o poder de compra da família e serve para definir quem pertence à classe média.

O estudo “Classes de Renda e Consumo no Brasil: 2024-2034”, da Tendências Consultoria, oferece o panorama mais atual. A estratificação social brasileira, segundo o levantamento, segue os seguintes valores:

  • classes D e E (vulneráveis/baixa renda) – até R$ 3.400; famílias dependentes de programas sociais e do mercado de trabalho informal;
  • classe C (média baixa) – entre R$ 3.400 e R$ 8.100; o grupo que sustenta o novo protagonismo da classe média no país;
  • classe B (média alta – entre R$ 8.100 e R$ 25.200; abrange o segmento profissional e empreendedor mais consolidado;
  • classe A (alta renda) – superior a R$ 25.200; o topo da pirâmide, com alta dependência de capital financeiro e investimentos.

Para Lula, brasileiros com renda de até R$ 5.000 mensais não podem ser considerados classe média. O presidente tem repetido ao longo de 2025 que é preciso “criar uma sociedade de classe média” no país –onde a maioria da população tenha poder de compra suficiente para suprir suas necessidades básicas e ir além delas.

“Quem ganha até R$ 5.000 não pode ser chamado de classe média. Se a pessoa pagar aluguel e tiver um filho na escola, ela mal praticamente consegue comer”, disse durante cerimônia de anúncio do novo modelo de crédito habitacional, em São Paulo. De acordo com o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, o foco na classe média no programa foi um pedido direto de Lula.

Em 2025, o petista anunciou outras iniciativas mirando o grupo:

  • Crédito do Trabalhador: Visto internamente como uma “revolução”, o programa de crédito consignado privado foi lançado para oferecer empréstimos a juros mais baixos para trabalhadores do setor privado. A modalidade ficou disponível na carteira digital do governo federal;
  • Isenção do IR: Lula apresentou o projeto de lei para tentar cumprir a promessa de campanha de isentar do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5.000 por mês. O texto foi aprovado na Câmara e agora tramita no Senado. Para valer em 2026, precisa ser aprovado neste ano de 2025.
  • Minha Casa, Minha Vida: O governo regulamentou e a Caixa iniciou as operações da nova modalidade do programa, ampliando-o para famílias que ganham até R$ 12.000, com taxas de juros de 10% ao ano;
  • “Agora Tem Especialistas”: Programa é a aposta do governo para reduzir as longas filas de espera no SUS para consultas e cirurgias com especialistas, credenciando clínicas e hospitais privados em troca de abatimento de dívidas com a União. A classe média, muitas vezes, usa o SUS para procedimentos de média e alta complexidade, mesmo que tenha acesso a planos de saúde;
  • Financiamento de motos para entregadores: Lula estuda lançar um programa de crédito subsidiado para motociclistas que trabalham em aplicativos. A proposta deve ser voltada a trabalhadores autônomos de renda média-baixa, segmento considerado estratégico por reunir quem não se beneficia dos programas tradicionais de crédito.

LULA E A CLASSE MÉDIA Desde seus primeiros mandatos, o petista tem dificuldade em conquistar a chamada classe média tradicional, grupo que, em geral, demonstra maior sensibilidade à carga tributária, ao custo de vida e à percepção de eficiência do Estado.

As análises mais recentes do PoderData confirmam a tendência e mostram que a desaprovação de Lula aparece mais pronunciada exatamente nas faixas de renda média e entre quem recebe mais de 5 salários mínimos. A rejeição tende a ser ainda maior entre eleitores na faixa etária de 25 a 44 anos, grupo sensível a expectativas de emprego formal e poder de compra, o que explica a urgência do governo em lançar pacotes de crédito e isenção do IR.

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